Penacova e o Dia dos Monumentos
Assinala-se no dia 18 de Abril o Dia Internacional dos Monumentos e Sítios, este ano sob o signo da água. A pretexto deste evento, sugere-se que se faça uma reflexão da realidade no contexto penacovense. Como está a saúde dos nossos monumentos e sítios?
Com excepção do mosteiro de Lorvão, monumento nacional, Penacova não apresenta edifícios ou construções que se evidenciem no contexto nacional pela sua antiguidade ou opulência, assim, teremos de valorizar e estimar os pequenos monumentos, maior parte deles relacionados com o nosso passado rural. Neste caso estão algumas igrejas e capelas, moinhos, azenhas, fontenários e noras do nosso concelho, alguns conseguiram sobreviver até aos dias de hoje, trazendo com eles a história das gentes da nossa terra. São estes os nossos pequenos grandes monumentos.
Tendo em conta que o Dia Internacional dos Monumentos é sob o signo da água, como estará o panorama relacionado com os monumentos ribeirinhos? Pois bem, não me parece que seja muito animador, senão vejamos: A nora ou a roda, só a conseguimos ver no Vimieiro, no rio Alva, mesmo assim a precisar de cuidados urgentes. Uma outra existia no Cornicovo há poucos anos, hoje nem se sabe ao certo o local onde estava.
A nora, um ícone do concelho, deixou de existir onde ela naturalmente deveria estar, junto ao rio. Hoje encontramos réplicas com o fim de embelezar rotundas ou jardins de restaurantes. No Mondego a nora desapareceu completamente, nem para fins folclóricos existe uma réplica por mais insignificante que seja. A nora, é um monumento de alto valor, tipicamente penacovense, associado à água e ao nosso Mondego que, quem de direito, deveria preservar para todo o sempre.
A nora partilhou a paisagem ribeirinha de Penacova com a barca serrana, nos séculos passados. A barca serrana foi um instrumento de subsistência da população ribeirinha, navegou no rio, com a sua vela branca, desde o Porto da Raiva até Figueira da Foz e fez história.
Onde estão hoje as barcas serranas? Vai-se permitir que desapareçam completamente?
Penacova foi também uma terra onde abundavam as azenhas, quase todas freguesias tenham uma. Em Sazes, eram as azenhas das Corgas, da Ribeira dos Palheiros e Ponte da Mata; em Carvalho, as azenhas da ribeira de Aveledo; em Lorvão, as azenhas do Pisão. Algumas já desapareceram, outras estão em ruína à espera de socorro, que parece tardar ou que nunca vai chegar.
Alguns fontenários, pela sua arquitectura, grandeza e antiguidade merecem o estatuto de monumento e, assim sendo, um olhar mais atento. Temos belos exemplos, tais como o Chafariz do Porco e o chafariz do Corta-Montes, entre outros. Felizmente, em relação ao chafariz do Porco, tenho a informação de que em breve irá haver uma intervenção no sentido de optimizar o acesso e o espaço circundante, o que é uma boa notícia. O mesmo já não se poderá dizer do chafariz do Corta-Montes que, de dia para dia, vai-se arruinando por falta de intervenção, constituindo a breve trecho um perigo para as pessoas que ali param para beber água. Pela sua arquitectura, merecia melhor sorte.
Estes são os nossos pequenos monumentos associados à água que pelo seu valor são dignos de passar a posterioridade. Neles estão um pouco da nossa identidade e da nossa história que, como cidadãos, temos o dever de ajudar a conservar e denunciar quando se verifica a sua ruína. O património não são só as obras arquitectónicas imponentes mas sim tudo que representa a nossa História e assim sendo, roga-se às autoridades do concelho que sejam mais sensíveis aos pequenos, mas para nós grandes monumentos, a fim de que estes não desapareçam completamente das nossas vidas.
Grande Óscar, parabéns pelo texto, pela perseverança e pelo amor à essa Terra. Sei que tens muitos seguidores que compartilham teus sentimentos e devoção.Cabe então na minha modesta opinião, juntarem-se forças e lutar pela preservaçação, a Nora, principalmente é algo que precisa de cuidados urgentíssimos pelo que percebi. Vamos lá e mãos à obra.
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