Portugal no centro do mundo*
Muitos são, incluindo-me a mim
próprio, aqueles que têm defendido que para sairmos da actual situação em que o
País se encontra e para cumprir as metas financeiras que nos são impostas internacionalmente
para os próximos anos, é preciso apostar em medidas de crescimento económico em
detrimento da austeridade desmedida, com cortes de salários e pensões e aumentos
de impostos que só têm levado ao empobrecimento dos portugueses. No entanto,
faltam, por vezes, exemplos de medidas concretas de como fazer a economia
portuguesa crescer e de como tornar Portugal um país competitivo e
economicamente viável!
Há muito que defendo, com base em
vários estudos concretos e credíveis que foram realizados nos últimos anos mas
nunca verdadeiramente levados a sério de forma a serem implementados que,
contrariando a habitualmente descrição de “país periférico”, Portugal está no
centro geográfico do Mundo e, por conseguinte, pode ser um centro logístico à
escala global aproveitando os recursos de que dispomos.
A fundamental medida para o
efeito é transformar o Porto de Sines, único em Portugal de águas profundas, no
maior porto da Europa. Se o Porto de Sines passar a ser a escolha dos grandes
operadores marítimos mundiais e lá atracarem os maiores navios de mercadorias
que abastecem o espaço europeu, muito outros, de menor porte, farão a ligação
entre Portugal, a Europa e outros Continentes, para além de outras ligações por
ar e terra. As actuais e futuras rotas marítimas - já identificadas - dos
gigantescos cargueiros marítimos que abastecem a economia planetária favorecem
a nossa localização!
Portugal passaria a ter ligação
marítima directa e frequente a todos os continentes o que permitira atrair
investimento estrangeiro directo em indústria produtiva de bens transaccionáveis
e dar condições de excepção às empresas portugueses de vocação exportadora.
Para além de todas as empresas portuguesas que, não sendo exportadores, veriam
o seu mercado interno alargado com o crescimento da procura.
A economia portuguesa teria
condições para subir na cadeia de valor dos produtos que produz, reduzindo a
excessiva subcontratação de componentes de produtos para aumentar a produção de
produtos finais com mais valor acrescentado. É que as exportações portuguesas,
relativamente ao PIB, representam cerca de metade de outros países europeus
semelhantes ao nosso precisamente porque, genericamente, a cadeia de valor das
nossas exportações é mais baixa.
Naturalmente que a implementação
de uma estratégia desta natureza, exige vontade e determinação política, pois
há obstáculos a ultrapassar e investimentos a fazer. E é preciso visão estratégica
e sentido de Estado, pois trata-se de uma medida que não tem resultados
imediatos mas antes a médio prazo. Mas é daquelas que, em dez anos, pode
inverter o rumo social e económico de um País e traçar uma história diferente
para as gerações vindouras.
Mas atenção, Portugal tem a
concorrência feroz dos portos espanhóis e marroquinos – Tanger, Algeciras e
Corunha. Saibamos nós aproveitar as melhores condições marítimas e geográficas
de Portugal e do Porto de Sines atempadamente!
*Artigo de opinião originalmente publicado na edição do Diário de Coimbra do dia 07.01.2013
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