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Carros dizimados pelo fogo e bombeiros feridos em tarde de inferno em Penacova

Uma tarde de inferno, foi o que viveram ontem, tanto a população de Penacova, como os quase 380 bombeiros, de inúmeras corporações da região, que durante horas tentaram dominar um incêndio de grandes proporções que depressa se tornou incontrolável, acabando por destruir quatro carros dos bombeiros (das corporações de Penacova, Vila Nova de Poiares e Brasfemes) e obrigar a assistência hospitalar de outros tantos bombeiros, de Vila Nova de Poiares, devido à inalação de fumo.


O alerta foi dado perto das duas da tarde, para um foco de incêndio na localidade de Carvoeira, mas depressa os bombeiros de Penacova perceberam a gravidade do incêndio. Rapidamente foram chamados reforços ao local, incluindo meios aéreos, mas o incêndio, que cercou duas povoações do concelho (Sanguinho e Ribas de Cima), apesar de não ser necessária a retirada de moradores, galgou quilómetros de floresta e de campos de cultivo, causando o pânico nas populações, que viam uma densa coluna de fumo negro a aproximarem-se das suas casas.
«Não tem ponta por onde se lhe pegue», desabafava um bombeiro da corporação de Vila Nova de Poiares, ao chegar à localidade de Travasso, vindo de Sanguinho, onde arderam três dos quatro carros destruídos no incêndio (dois de Penacova e um de Vila Nova de Poiares). Ali, a população fazia as contas às terras e campos de cultivo perdidos na povoação vizinha e ninguém conseguia esquecer uma coincidência «estranha».
«Faz hoje [ontem] precisamente 31 anos, na Festa da Senhora das Necessidades, que apanhámos um susto destes. Até agora temos estado aqui num cantinho do céu», comentava Benilde Alves, olhando para a intensa coluna de fumo negro que se avistava a poucos quilómetros de distância e pensando na irmã, que vive sozinha em Sanguinho. «Estou preocupada com ela, deve para lá estar cheia de medo», desabafa. Não seria fácil chegar à irmã, uma vez que o acesso de Travasso a Sanguinho chegou a estar cortado pelas chamas.
O mesmo aconteceu na localidade de Riba de Cima, que esteve rodeada pelo fogo, obrigando os bombeiros a ficarem dentro da povoação para evitar que o incêndio chegasse à aldeia. A esperança era que o cair da noite pudesse facilitar a vida aos bombeiros e a verdade é que o incêndio, que perto das 18h30 chegou a ter três frentes activas, passou, perto das oito da noite, a apenas uma frente, de acordo com dados da Protecção Civil.
Ao início da noite de ontem, quando mais de 350 bombeiros ainda estavam no terreno, o incêndio já não colocava povoações em risco, como confirmava ontem o Comando Distrital de Operações de Socorro de Coimbra. «A situação agora é mais calma», confirmava o presidente da Câmara de Penacova, Humberto Oliveira, que se encontrava no teatro de operações.
Às nove da noite, a Autoridade Nacional de Protecção Civil confirmava que o incêndio havia sido dado como dominado, exactamente sete horas depois do alerta.
  
Bombeiros feridos tiveram alta durante o dia de ontem

Os bombeiros que seguiam nos carros ardidos durante o incêndio conseguiram escapar ilesos às chamas, mas houve quatro elementos da corporação de Vila Nova de Poiares que tiveram de ser assistidos devido à inalação de fumo. Dois receberam assistência médica no centro de saúde de Penacova e os outros dois foram transportados para os Hospitais da Universidade de Coimbra. Todos tiveram alta durante a tarde de ontem.

Jornalista Ana Margalho

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