ANIVERSÁRIO -Filarmónica Boa Vontade Lorvanense celebra hoje 93 anos de harmonia
Colectividade nasceu em tempo de
“crise profunda” e sempre desempenhou um papel crucial na freguesia de Lorvão
Manuela Ventura - Diário de Coimbra
A Filarmónica Boa Vontade Lorvanense é a “prova provada” que em tempos de crise podem nascer projectos
valorosos, que perduram no tem por Isso mesmo sublinha Noélia Ornelas, da
direcção da colectividade, recordando que em 1920 se viviam tempos de «grande
convulsão em termos sociais, políticos e económicos, muito semelhantes aos de
hoje». Sinal disso foi o facto de o então Presidente da República, António José
de Almeida, um conterrâneo de Penacova, ter dado posse a sete governos. Mas, no
meio do “tumulto”, também houve empenho e “Boa Vontade” e um grupo de
habitantes do Lorvão entendeu criar a Filarmónica, com o objectivo de
«abrilhantar as festividades religiosas», ao tempo de grande significado no Lorvão.
«Hoje temos um grupo homogéneo de
60 músicos», afirma, enaltecendo a sua juventude , pois «só temos seis músicos
com mais de 45 anos», e elogiando a disponibilidade e entusiasmo do grupo que,
acima de tudo, gosta de música. «Juntamo-nos todas as sextas-feiras à noite»,
apesar dos compromissos de uns com a escola e de outros com o trabalho, e
«ficamos até à meia-noite, uma da manhã, a tocar, a ensaiar, a aprender, porque
todos somos amadores», enfatiza, apesar de a Filarmónica um “naipe” de alunos
que frequenta o Conservatório.
Uma «vontade de aprender» que
procura, sublinha Noélia Ornelas, «ir ao encontro do interesse do público,
criando espectáculo». Significa que a Filarmónica toca muito mais do que o
compasso marcado de acompanhamento das procissões, apresentando um repertório
que já se fez ouvir no CAE, na Figueira, ou no Cine-Teatro de Castelo Branco.
As festas e romarias ocupam uma parte fundamental do programa de actuações, das
quais resulta o dinheiro que “alimenta” a banda e a respectiva escola, a par
com os apoios da Câmara de Penacova e das quotizações dos sócios.
A Escola de Música, com 62 crianças
e jovens, é a “menina dos olhos” da banda, que nos últimos anos apostou numa «formação
de rigor e exigência», sob a batuta do maestro Paulo Almeida. Ali também
funciona uma aula de expressão musical, destinada às crianças do
jardim-de-infância, que «tem tido muito boa adesão». Idêntico sucesso para uma
turma de adultos, mais recente, mas igualmente solicitada.
Noélia Ornelas sublinha o
indiscutível «apoio e boa vontade» da comunidade de Lorvão relativamente à
Filarmónica, «sempre que precisamos de qualquer coisa e, sem se “queixar”,
confessa que, «se houvesse mais dinheiro» seria possível «ampliar
as instalações», que já se revelam exíguas. Os instrumentos também são uma “dor
de cabeça”, em termos de custos, novos ou para recuperar, e sem eles não há
música. O fardamento é outra necessidade, com carácter prioritário, confessa. A
responsável da direcção deixa ainda um «agradecimento às
entidades locais» e um «reparo» à «falta de apoio do poder central»
Programa de aniversário
A Filarmónica Boa Vontade
Lorvanense festeja hoje o seu aniversário, O programa começa às 11h00, com uma
arruada, entre o Largo da Feira e o Largo do Mosteiro, seguindo-se missa,
cantada pela Banda, por intenção dos directores, músicos e sócios falecidos. Às
12h30 há romagem ao cemitério, com acompanhamento da banda, seguindo-se o
almoço de confraternização.
Bem a Propósito
O Governo instituiu ontem o dia 1 de Setembro como Dia Nacional das Bandas Filarmónicas, reconhecendo o trabalho que desenvolvem em favor da sociedade e da cultura. «Além do seu papel na preservação, divulgação e formação musical, as filarmónicas podem também ser facilmente apercebidas como centros de socialização locais e inter-relacionais», justifica o Governo, na decisão aprovada ontem em Conselho de Ministros.