Novo estatuto agrada a escolas particulares - Alteração facilita acesso ao ensino privado
O presidente da associação que representa
as escolas particulares classificou ontem como satisfatória a proposta do novo
estatuto dos estabelecimentos privados, referindo que, «basicamente, consagra o
que já existia», mas admitiu que se facilita o acesso ao ensino privado.
António Sarmento, que preside a
Associação de Estabelecimentos de Ensino Particular e Cooperativo (AEEP), disse
à agência Lusa que a proposta do Ministério da Educação e Ciência (MEC),
negociada ao longo de vários meses, representa um «progresso muito grande ao nível
da autonomia com a qual as escolas particulares vão agora poder funcionar, em
linha com a autonomia defendida também no ensino público».
António Sarmento reconhece que o
contrato simples – uma modalidade de contratualização com o Estado que pretende
apoiar a frequência do ensino privado por alunos do básico e secundário – «se
assemelha ao ‘cheque-ensino’» (que permitiria apoiar financeiramente, com fundos
públicos, os estudos no ensino particular), mas sublinhou que na proposta de
decreto-lei do Governo não existe nada que já não estivesse consagrado antes. O
objectivo do novo estatuto, disse , é «promover a igualdade de oportunidades
para os alunos», congratulando-se ainda com a eliminação, nesta proposta, das
restrições à celebração de contratos de associação decorrentes de limitações de
oferta pública em determinadas regiões.
Os contratos de associação apenas
podem ser celebrados, de acordo com a lei ainda em vigor, em locais onde a
oferta de escolas públicas seja insuficiente ou inexistente para assegurar um
acesso universal e gratuito à educação. Essa condição não está presente na proposta
do Governo. No decreto-lei em vigor, que data de 1980, está definido para todos
os tipos de contratos que as escolas particulares podem celebrar com o Estado,
que estes decorrem de uma localização das escolas privadas «em zonas arecidas de escolas públicas».
As principais federações
sindicais do sector da educação já enviaram ao MEC os seus pareceres relativos
a este estatuto. A Fenprof acusou o MEC de querer desmantelar a escola pública
e privatizar o ensino, depois de o Ministério ter definido na proposta que
passa a ser competência do Estado «apoiar, no âmbito da livre escolha, o acesso
das famílias às escolas particulares e cooperativas, através da celebração de contratos
e da concessão de apoios financeiros».
Já a FNE recusou ontem que a
proposta do Governo preveja a instituição automática de um “cheque-ensino”, e
sublinhou que «o dinheiro público deve ser investido prioritariamente na escola
pública» e que «não se justifica» que o Estado estabeleça contratos de
associação com escolas particulares onde haja oferta pública suficiente.
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