MATA DO BUÇACO - Cedro com 18 toneladas transformado em ponte
Mata do Buçaco inaugurou ontem “espaço
de memória”, para recordar o ciclone e a devastação que provocou, há
precisamente dois anos
Passaram dois anos do ciclone GONG e
ninguém esquece aquele sábado de 19 de Janeiro de 2013, em que a Mata Nacional do
Buçaco “acordou” destruída. Ontem à tarde, para não esquecer esse momento
trágico, foi inaugurada uma ponte no Vale dos Abetos, construída a partir de um
árvore com 18 toneladas, derrubada naquele local.
«Este é um claro exemplo de que a
adversidade deu lugar à oportunidade. Foi necessário um grande exercício de
criatividade e também de necessidade desta passagem», começou por dizer António
Gravato, presidente da Fundação Mata do Buçaco, que elogiou «os cerca de dois
mil voluntários que, individualmente ou através de empresas, nos últimos dois
anos, ajudaram o trabalho de remoção de destroços no Buçaco. Sozinhos não
conseguiríamos fazer nada e achamos que a Mata tem de ser aberta ao mundo e o voluntariado é uma
boa forma para isso».
O cedro-do-buçaco tombado, que
permanece no local há dois anos, foi arranjado, com recursos humanos e
financeiros da Fundação Buçaco, facilitando a passagem de uma margem para a
outra da ribeira, no Vale dos Abetos. Na tarde de ontem, além da inauguração da
ponte, foi realizada uma visita guiada, por técnicos especializados aos locais mais
afectados pelo ciclone, com a plantação simbólica de espécies autóctones
nesses locais.
Presentes em toda a cerimónia estiveram
o presidente e vice-presidente da Associação de Amigos para a Defesa de Luso e
Buçaco (ADELB), Claudemiro Semedo, presidente da Junta de Freguesia do Luso, e
o senhor Henrique, antigo guarda florestal da Mata, que em 83 anos de vida tem
40 dedicados exclusivamente ao Buçaco.
Em comunicado, a Fundação recorda «que
o ciclone GONG devastou cerca de 40% da Mata, derrubando 10 árvores notáveis e
afectando severamente seis das 86 presentes até então». De entre as quatro unidades
de paisagem presentes na Mata, verificou-se que o Arboreto e a transição deste para
o Pinhal do Marquês foram «as áreas significativamente mais afectadas», facto que
pode ser justificado «pela marcante presença de espécies exóticas não invasoras
no Arboreto, que não sendo nativas não estão tão bem adaptadas ao clima
nacional, sobretudo a fenómenos climatológicos extremos, ou seja, não são tão
resilientes quanto as nativas».
O património edificado também sofreu
danos, nomeadamente na cobertura do Convento de Santa Cruz do Buçaco e das
garagens do Palace Hotel enquanto «algumas capelas e ermidas da Via-Sacra foram
severamente afectadas»
Jornalista Mónica Sofia Lopes