ENTREVISTA - Maurício Marques "quebra" o silêncio e reage ao comunicado do PS de Penacova
Num
comunicado tornado público pelos líderes da Concelhia e da bancada
Municipal do PS/Penacova, Ricardo Simões e Pedro Dinis acusam o deputado e ex-candidato ao Município pelo PSD de não ter
apresentado uma justificação que suporte a suspensão do mandato.
Em
exclusivo para A
COMARCA DE ARGANIL,
Maurício Marques* garante que na base do pedido estão “motivos
pessoais” (…) «e as questões pessoais não têm que ser
justificadas». Por outro lado acusa a estrutura política de se
dedicar a “fait-divers” para “iludir” os
penacovenses.
A
COMARCA DE ARGANIL (CA): Que
comentários faz às acusações dos líderes socialistas de
Penacova?
MAURÍCIO
MARQUES (MM): Como
o comunicado diz, eu fui por duas vezes candidato à Assembleia
Municipal, e não fui eleito porque os cidadãos de Penacova
assim não o entenderam.
Portanto,
não me sentia na obrigação de, mesmo assim, assumir o cargo. Mas,
de qualquer modo tenho que dizer o seguinte: o comunicado do
Partido Socialista revela bem a postura a que foi dotado o concelho
de Penacova, ou seja, de profunda picardia e arrogância
política, que é manifesta até no desenrolar das próprias
assembleias municipais.
A
Comarca de Arganil já assistiu a que, em plenas assembleias
municipais, quem não comunga com as linhas orientadoras do
Partido Socialista, é agredido quer oralmente, quer fisicamente.
Como
deve calcular, eu convivo mal com este clima. Eu fui presidente
de Câmara (Penacova) durante alguns anos, e sempre pratiquei a
tolerância democrática. Eu não hostilizava. Eu respeitava a
oposição… coisa que neste momento o Partido Socialista não faz.
Eu
gostaria que o Partido Socialista se deixasse destes
“fait-divers”, e se dedicasse àquilo que é
importante, e verificasse e tentasse mostrar aos cidadãos de
Penacova aquilo que de mal vai no concelho. Que explicasse
porque é que tudo em Penacova está a fechar, que explicasse porque
é que em Lorvão uma escola – que deveria ser aberta e não é –
más
condições. Deveria explicar aos penacovenses por que é que –
desde que eu saí (da presidência da Câmara) – não tem sido
feito mais nada no que toca ao saneamento. Porque é que as
populações continuam sem as infra-estruturas necessárias.
Com
isso é que o Partido Socialista se devia importar, e devia explicar
porque é que isso está a acontecer.
A
minha humildade democrática, que é falada, é praticada.
Ao longo de todo este tempo, não me viram andar a criticar
publicamente o exercício do mandato do Partido Socialista. Por
isso verifico que o PS não aceita este meu silêncio.
Obviamente
que, a partir de agora, vou quebrar o silêncio e vou começar a
denunciar publicamente aquilo que de mal se fez e está a fazer no
concelho de Penacova.
O
Partido Socialista tem-se importado em gerir a sua agenda política
através de feiras e romarias, que não contribuem em
nada para o progresso e desenvolvimento do concelho.
Há
bandeiras que foram anunciadas pelo PS e que efectivamente foram
esquecidas. Por isso vamos lembrá-los e eu vou estar – como sempre
estive – ao lado da população do meu concelho.
Continuo
a ter o mesmo número de telemóvel que sempre usei, e
continuo a estar à disposição de todas as pessoas, de todas
as colectividades e de todas as entidades para ajudar a resolver
os seus problemas e, sobretudo, estar ao seu lado.
O
Partido Socialista, de facto, não entende isso. Eu respeito,
mas não aplaudo estas atitudes perseguidoras do PS.
CA:
Mas porque é que não justificou, como vinca o comunicado, a
suspensão do seu mandato?
MM:
Eu
pedi a suspensão do mandato por questões pessoais. E as
questões pessoais não têm que ser justificadas.
Mas
adianto que a actividade política que eu desenvolvo,
efectivamente, muitas das vezes não é compatível com a realização
das sessões das assembleias municipais, mas não posso deixar de
dizer que o clima que actualmente se vive nas assembleias municipais
não é condizente com a minha forma de ser e de estar na política.
Eu
nunca agredi verbalmente nem fisicamente quem quer que seja, dos
meus opositores… coisa que não acontece com o PS. O Partido
Socialista actualmente agride quer verbalmente quer fisicamente
aqueles que não comungam com as suas ideias. Mesmo entre eles,
internamente, aqueles que não comungam, são afastados… eu
nunca fui assim… sempre fui tolerante e continuo a sê-lo. Não
posso é pactuar com este tipo de atitudes.
CA:
Apesar de tudo, os penacovenses podem continuar a contar
consigo?
MM:
Os
penacovenses sempre contaram comigo, e podem continuar a contar.
E a partir de agora mais ainda, porque são estas coisas que me
motivam e obrigam a estar ao lado daqueles que hoje são
perseguidos em Penacova, coisa que eu nunca fiz.
Eu
vou estar cada vez mais atento – porque o Partido Socialista
assim quer – à gestão que o PS está a fazer, e muitas das
vezes de forma deliberadamente hostil para todos aqueles que não
lhe são afectos, perseguindo-os inclusivamente.
Texto e foto de Paulo Mattos Afonso
* Maurício Teixeira Marques é Deputado do PSD na Assembleia da República, eleito pelo Círculo de Coimbra em 2011
* Maurício Teixeira Marques é Deputado do PSD na Assembleia da República, eleito pelo Círculo de Coimbra em 2011
