OPINIÃO - Será que Envelhecer é uma Arte?
Se como habitualmente se assevera que “a velhice não é uma doença”,
então qualquer pessoa, em qualquer idade está em condições de progredir até
atingir estados de perfeição, de acordo com os anos que se vão vivendo,
partindo do pressuposto que se começa a envelhecer desde o dia do nosso
nascimento.
É com o crescimento que as nossas capacidades e responsabilidades se vão
acrescentando e os objetivos se vão definindo e ajustando, e a experiência e saberes se vão acumulando.
Atualmente há desportistas que por volta dos 20
anos já são considerados velhos. Existem também profissões e atividades onde os
30, 40 anos de idade começam a ser causa de marginalização.
Pessoas há, e bastantes que aos 80, 90 anos de
idade continuam a interessar-se pelos estudos, pelo trabalho, a cuidar da
saúde, da alimentação, da higiene e a prestar atenção devota a Deus através de
uma prática religiosa consciente e esclarecida que é em si mesma, objetivamente
geradora de paz de espírito e de bem estar interior.
Estas pessoas continuam interessadas pelo que
se passa à sua volta, importando-se com pequenas coisas e por grandes causas,
não se alheando da vida.
Qual a mola que as motiva, qual a força que as
lança para além de si próprias, qual a reserva de energia que as alimenta? Será
gratidão expressa pelo dom da vida? Disponibilidade para ajudar quem necessita?
Afinal, qual o segredo da longevidade? Será o
entusiasmo com que se dedicam às causas em que acreditam? Herança genética?
Sem dúvida, um conjunto de interrogações
pertinentes que nos movem a uma reflexão sobre o património que estas pessoas
mais velhas nos oferecem. É essa peculiar forma de estar cimentada numa vida
saudável de corpo e espírito que permite certamente a muitas pessoas envelhecer
com arte e como dizia Júlio Roberto” Só é velho, quem está sempre a pensar
nisso”.