DESPORTO - Escola de talentos desponta na Aveleira
No concelho de Penacova e sob orientação de Jéssica Ralha (cinto negro - 2.º Dan) de apenas 19 anos,
surgiu um projecto que já conta com 28 crianças dos 6 aos 15 anos. Medalhas têm aparecido de forma natural
A Escola de Kempo Chinês da
Aveleira está a dar passos seguros e a formar... campeões. Os pequenos talentos
que têm evoluído sob a orientação de Jéssica Ralha têm surpreendi do nas provas
nacionais e internacionais, tornando o nome daquele lugar do concelho de
Penacova numa referência de uma modalidade que quer ganhar mais expressão em
Portugal.
«A minha paixão pelo kempo surgiu em 2005,
assisti a uma demonstração, quis ir experimentar e cá estou eu», refere a jovem
de 19 anos que tem cinto negro e o 2.º Dan no currículo.
Jéssica Ralha descreve o kempo
como sendo «uma modalidade muito completa» e no qual o facto de «nunca se fazer
as mesmas coisas» faz com que ninguém se canse, elogiando a constante
aprendizagem. «Temos a vertente da defesa pessoal, as formas ou katas e ainda o
combate», explica.
A fundadora da escola de Aveleira
recorda que quando passou a 1.º Dan foi aconselhada a seguir o seu projecto. «O
meu mestre disse-me para abrir a minha escola e nada melhor do que começar pela
minha terra. Agora eu sou a instrutora-chefe do concelho de Penacova, ou seja,
posso abrir uma escola aqui ou em qualquer outro sítio do concelho, mas se mais
alguém quiser abrir aqui alguma escola, tem de pedir o meu consentimento»,
frisa.
Ainda que a força de vontade
fosse obviamente elevada, Jéssica Ralha teve de fazer avan- çar com um
investimento do próprio bolso para criar condições mínimas de trabalho no
pavilhão de Aveleira. «Quando comecei, fui eu que tive de investir tudo, sendo
que a minha mãe me ajudou bastante. Nunca tivemos ajudas de fora, rigorosamente
nada. A Câmara poderá vir a ajudar, mas são processos que demoram sempre. Vamos
ver, mas continuaremos a trabalhar», assume.
Com 28 atletas, o balanço acaba
por ser «muito positivo». Os elogios distribuem-se pelo grupo de trabalho que
responde com trabalho e sorrisos. As terças e sextas-feiras, sempre a partir
das 18h30, são uma animação na pacata Aveleira.
«Eu tive muita sorte com o grupo que me
calhou. Todos eles têm muita força e um “bichinho” de trabalho. Eles não querem
ser apenas mais uns, querem mesmo fazer a diferença e isso permite-me trabalhar
bem, pois eles estão dispostos a lutar pelo próprio crescimento», elogia a
treinadora.
Dentro do próprio grupo de
trabalho, Jéssica Ralha fala de uma competição saudável, acabando por revelar
que «os rapazes querem mais brincadeira, mas trabalham a sério», já no que diz
respeito às raparigas, estas «vêem mais com petição entre elas».
Os campeonatos nacionais têm sido
organizados com base em “all-styles”, ou seja, vários estilos. «Há kempo,
kung-fu e equipas só de combate, é algo mais abrangente. A nossa escola tem
estado bem. Quem é do kung-fu normalmente leva os primeiros lugares nas formas,
mas eles têm sempre segundos e terceiros. Mas nos combates surpreendem e têm
ganho muitas medalhas», realça.
Segue-se a preparação para o
próximo Mundial que será novamente em Portugal, no próximo ano. «Já
participámos no Campeonato do Mundo “all-styles” este ano, mas foram poucos,
porque um mundial assusta sempre um pouco. Ainda assim conseguimos medalhas de
ouro, uma de armas e outra em defesa pessoal, e terceiros lugares o que é muito
bom, pois é um mundial e cada selecção traz sempre os melhores e vêm para
ganhar, por isso, conquistar medalhas diante dos melhores é sempre excelente»,
refere.
O reconhecimento está a chegar
aos poucos. Até há bem pouco tempo «ninguém conhecia o kempo», reconhece
Jéssica Ralha que começou a fazer demonstrações que deram a conhecer o kempo.
Agora, as distinções começam a chegar. A autarquia penacovense, na sua Gala do
Desporto, premiou-a como “treinadora do ano” e ainda distinguiu duas atletas:
Joana Simões com o prémio mérito e Débora Carvalho como atleta do ano feminina.
Jovens deixam elogios
Os jovens que evoluem na Escola
de Kempo Chinês da Aveleira estão motivados, elogiam a treinadora e procuram
sempre mais medalhas, como são os casos, entre outros de Samanta Lopes e
Beatriz Maia, ambas de 9 anos, Ricardo Amaral, de 13 e Débora Carvalho, de 14.
Vieram com amigos ou por influência familiar e continuam com vontade evoluir e
ganhar.
Quanto à professora, as opiniões
são unânimes e podem resumir-se nas palavras de Ricardo Amaral: «Tem muita paciência
connosco e treina muito bem».
Texto de Ricardo Ferreira Santos e fotos de Pedro Ramos