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DIA DO MUNICÍPIO - Lorvão é um dos cartões de visita do concelho de Penacova que urge salvar

A sessão solene do Dia do Município de Penacova decorre amanhã na freguesia do Lorvão. Integrado num programa mais vasto que inclui uma feira de gastronomia e um espaço de promoção dos desportos radicais, a sessão solene inclui homenagem aos funcionários com 25 anos de casa e inauguração do Centro Escolar



Amanhã, Dia do Município, assinala-se a data mais importante do concelho...

Numa estratégia que começámos a elaborar em 2010, logo no início do mandato enquanto presidente, considerámos que era importante voltar a dar ao feriado municipal, a 17 de julho, e em que se comemora a data de nascimento de António José de Almeida – que foi Presidente da República, e natural de Penacova – um outro enquadramento que não só a celebração do dia, mas também a organização de um conjunto de atividades lúdicas, recreativas, culturais e desportivas que tenham sempre como pano de fundo a música e a gastronomia.

Sucesso mostra que estão no caminho centro?

Sem dúvida que esta estratégia acabou por se impor naturalmente face a uma festividade que existia e que o município de Penacova sempre comemorou. A nossa decisão prende-se, igualmente, com questões históricas do tempo em que eram os Bombeiros Voluntários que organizavam as festas que às vezes coincidiam com o Dia do Município. É evidente que o envolvimento que depois acaba por criar nas pessoas e nas instituições também teve bastante peso. Tudo aquilo que tem a ver com a parte económica e gastronómica da festa envolve alguns restaurantes, mas a esmagadora maioria são associações e instituições da terra que marcam presença e fazem negócio.

As festas vão durar quatro dias. Há novidades?

 São na verdade quatro dias de festa onde haverá algumas novidades. Nas primeiras quatro edições baseámos a festa em gastronomia e na animação, com a realização de concertos, alguns deles com dimensão nacional. Este ano vamos acrescentar uma nova componente, que tem um caráter empresarial, pois decidimos evoluir para uma feira com a exposição do tecido empresarial da região.

Não têm receio que se torne numa imitação de outros?

Não. Assumimos uma estratégia clara quanto aos objetivos desta feira. Não queremos ser igual às outras e muito menos queremos ser uma Expofacic, até porque não temos dimensão nem espaço físico para o efeito.

Qual é a diferença?

Há uma componente no nosso tecido económico e nos nossos produtos endógenos que podemos e temos condições para dar alguma visibilidade. Todos eles têm a ver com a temática dos desportos de natureza. Para além de outros projetos que estamos a desenvolver e que já não andarão para trás, achámos que era altura para darmos visibilidade às festas e aproveitarmos o parque verde, que também ajuda a promover a nossa aposta nos desportos da natureza. A feira decorre no recinto junto aos bombeiros, aproveitando o largo da feira mensal, para os concertos e a gastronomia e depois aproveitaremos toda uma plataforma superior já no parque verde para a parte da exposição empresarial.

E para o dia do Município vai haver surpresas?

Como temos feito nos últimos anos, vamos homenagear os funcionários que em 2015 completam 25 anos de casa, que este ano vão ser só dois. E sempre que nos é possível, aproveitamos o feriado para inaugurar algo de novo.

Este ano o que é que vai ser inaugurado?

É o Centro Escolar do Lorvão, aliás o local onde iremos realizar a própria sessão solene. Faremos o hastear da bandeira na sede do concelho e depois iremos para Lorvão onde teremos a sessão solene do feriado municipal e a inauguração do espaço para a qual convidamos o ministro da Educação. O tal centro escolar que tanta polémica gerou... Na verdade, a sua concessão foi envolta em alguma polémica, que eu até entendo, pois reconheço que em termos de localização poderá não ser a melhor de todas. Mas temos que reconhecer que Lorvão é a maior freguesia do concelho, em termos de população, portanto precisava de um centro escolar. Não conheço nenhum local, à exceção de Mortágua, onde tenha sido feito um Centro Educativo para todo o concelho. Quando chegámos à câmara até estavam previstos dois centros educativos, e daí a polémica, um em Lorvão e outro na Aveleira.

Lorvão foi a melhor opção?

Eu sou o primeiro a reconhecer que em termos de localização geográfica, a Aveleira era o melhor sítio. Mas, na altura, a decisão foi política e teve que ser tomada. E eu assumo com toda a frontalidade que apesar do melhor local ser na Aveleira onde a escola tem mais alunos, entendemos que era necessário um projeto para o Lorvão que evitasse a morte da freguesia. Nessa altura, já se perspetivava que o hospital ia fechar por isso se de lá tirássemos a escola seria o fim da maior freguesia do concelho. Uma terra que é igualmente conhecida por um conjunto patrimonial único no concelho e até na região. Há que reconhecer que a localização do Lorvão é muito bonita, mas é um espaço onde temos que intervir fortemente nos pró- ximos anos.

E já há planos ou projetos?

Sim, Sim. Estamos a elaborar um projeto de regeneração urbana do espaço público porque, nem nos monumentos, nem no antigo hospital, podemos ter, por agora, qualquer intervenção. Mas, mais tarde ou mais cedo, alguém vai ter que assumir as suas responsabilidades, se não o edifício começa a cair aos bocados. Aliás, neste momento já há problemas de infiltrações.

Voltando ao Centro Escolar.

O projeto inicial acabou por ser alterado. Foi. Em princípio estava previsto apenas para o 1.º ciclo. Mas, entretanto, decidimos e acho que bem, colocar lá também o pré-escolar que estava instalado num edifício mesmo ao lado, velho e a precisar de uma intervenção de fundo. Por isso, e até para antecipar a pressão e preocupação dos pais das crianças do jardim de infância, optámos por juntar os dois graus de ensino. Esta união fez com que o edifício tenha neste momento uma taxa de ocupação razoável.

Lorvão é um dos pontos turísticos.

É nesse espírito que se integra o projeto de regeneração urbana? Lorvão é, sem dúvida, um bom cartão de visita do concelho de Penacova. Ao nível turístico podemos agarrar duas coisas, ou seja, o desporto na natureza, onde temos BTT, praias, a que acrescento os moinhos, pois não há nenhum concelho com um conjunto molinológico como o nosso. Em todas essas áreas, os projetos de transformação continuam em curso no sentido de os colocar ao serviço dos turistas. E Lorvão é património e história.

O que está pensado para “salvar” Lorvão?

Temos o tal projeto de regeneração urbana em espaço público, que é responsabilidade do município, mas para o qual esperamos que eventualmente possa haver fundos comunitários para ajudar. Já solicitei uma reunião à presidente da CCDRC para perceber o que é que há e com o que podemos contar pois já se disse que esses apoios seriam só para as sedes dos concelhos, o que não tem em meu entender muita lógica. De qualquer das formas, o projeto está a ser elaborado e quanto ao financiamento a seu tempo veremos. Depois há a componente do Mosteiro do Lorvão propriamente dito e nas suas diversas dimensões que, diga-se de passagem, é grande em tudo.

O Governo já lá fez investimentos, nomeadamente, no órgão de tubos.

De facto tenho que ser o primeiro a reconhecê-lo e dar este mérito do Estado Português que fez ali um investimento significativo, nomeadamente na recuperação dos claustros, do órgão que era uma aspiração de décadas. Além disso, o Ministério da Cultura ainda lá fez um investimento, certo ou errado, na construção de um um seu que é, sem dúvida, o nosso próximo desafio.

Conservação do antigo hospital não compete à câmara.

 Sem dúvida que a conservação do imóvel, que é muito grande, é o nosso segundo desafio. Ali temos a igreja que está a ser tratada pela Igreja, temos o cadeiral que é um outro monumento por si só e que, por vezes, é completamente esquecido, os claustros recuperados que são usados para diversas iniciativas, o museu... e depois temos todo aquele espaço que serviu como hospital e que, neste momento, está devoluto. Neste domínio tenho que dar uma palavra muito especial ao presidente da Junta de Freguesia do Lorvão que tem feito um trabalho excecional de dinamização com o envolvimento da ARS Centro e do CHUC. Mas o edifício precisa de intervenção a outros níveis, nomeadamente no telhado.

Mas há boas perspetivas para essa intervenção?

Acredito que estamos bem encaminhados. No âmbito da chamada Intervenção Territorial Integrada, a Comunidade Intermunicipal da Região de Coimbra está a negociar com a Autoridade de Gestão do Centro 2020 onde está previsto um valor de investimento no Lorvão de 600 mil euros.

Projetos visam cativar turistas. Há mais ofertas?

O objetivo é claramente esse. E por isso entendo que o Lorvão é um espaço a melhorar pois tem que ter grande qualidade. Mas há outras componentes desta estratégia para cativar visitantes. Temos a Livraria do Mondego que é um caso muito específico. Por volta de 2010, houve um concurso sobre as sete maravilhas de Portugal e nós concorremos com a Livraria do Mondego. Na altura resultou nalguma visibilidade. Mais recentemente, e através de uma candidatura que fizemos ao Programa Leader, começámos um trabalho de limpeza, desmatação e arranjo de outras infraestruturas, que ainda só vai a meio mas que já permite uma outra visibilidade. E neste momento já é possível ir até lá e já existe de um dos lados, um parque de estacionamento. Mas pretendemos melhorar as condições de acessibilidade. E para isso estamos a fazer o projeto para uma plataforma junto ao rio e no futuro, eventualmente, fazer uma ligação que ligue as duas margens. E convém salientar que os trilhos tanto do Centro BTT como do 'trail running' já passam por lá.

Disse que a autarquia aposta em infraestruturas para o turismo. De que falava?

Referia-me, em concreto, a um conjunto de projetos na área de desportos de natureza. A pista de kartcross da Atalhada que já está ao serviço. Por outro lado, um centro de 'trail runining' que agora está na moda e que tem a marca do maratonista Carlos Sá, que quer fazer 10 no país. Penacova é o primeiro. A terceira infraestrutura é um centro de BTT que construímos com os nossos recursos. Nesse conceito fomos contactados por uma entidade que também tem sede em Penacova, que queria saber como poderiam colaborar com o município. Então ocorreu-me que se temos estas infraestruturas, porque não aceitar a ajuda para as promover junto de outros públicos. E foi assim que nasceu a parceria com esta associação denominada "Be You".

E o que é oferecido?

 Dessa proposta ficou a organização de um passeio equestre para sábado e o summer fest, a decorrer no espaço das festas. Mas fica a fervilhar a ideia de que no futuro se possa utilizar a praia fluvial como um local que está na moda e um espaço ideal para estes eventos e que cativam públicos. Este desejo leva-nos sempre à velha questão da resposta hoteleira. Esse é sempre o problema com que nos debatemos. Mas, não tenho qualquer pudor em que os turistas fiquem instalados nos concelhos vizinhos. Para mim, o mundo não acaba nas fronteiras de Penacova. Mas temos o Hotel da Conchada que é um espaço muito bonito e aprazível.

A vila tem um dos mais bonitos hotéis. Porque não tem sucesso?

 Sem dúvida que sim. O local é extraordinário e reconheço que haverá poucos hotéis com aquele enquadramento, mas as soluções encontradas têm falhado sempre. E penso que por falta de um estudo de rentabilidade. O setor hoteleiro, para quem sabe, é difícil e de investimentos de médio e longo prazo. Neste momento, a acrescentar a todas as dificuldades, o hotel tem outros problemas. Quem o quiser, terá de o comprar ao proprietário que é Hotel de Penacova SA (Santa Casa, com maioria, e a autarquia), e assumir as dívidas a dois credores. Por outro lado, quem o comprasse teria que fazer investimentos. Neste segundo aspeto, ainda poderemos ver o que é que há disponível nos fundos comunitários. Mas reconheço que não é um assunto fácil. | 

Entrevista de Eduarda Macário