FERIADO MUNICIPAL - Requalificação do Lorvão é a grande prioridade e desafio
«Colocar Lorvão como local principal de visitação da região
centro» é o próximo grande desafio do presidente da Câmara de Penacova.
Humberto Oliveira deixou, ontem, a promessa, de “palavra de honra”, na sessão
solene comemorativa do Dia do Município, data que evoca o nascimento de António
José de Almeida, há 149 anos. «Dificuldades há muitas», assumiu o autarca de
Penacova, que citou John Kennedy - “A dificuldade é uma desculpa que a história
nunca aceita” - para sublinhar o seu empenho neste desafio.
Hoje, Lorvão já é um espaço de visitação de excelência,
considerou, apontando como exemplo a igreja, o órgão, cadeiral, a cerca. «Mas
temos um longo caminho a percorrer na divulgação deste património. O potencial
é enorme e o trabalho ainda está no início», afirmou o edil, salientando o
projecto de musealização, de aproveitamento do espaço publico, de
requalificação do edificado. Um projecto relativamente ao qual a Câmara conta
com a colaboração de um um grande número de entidades, pois «todos podemos
contribuir».
De acordo com o autarca, há «600 mil euros disponíveis» por
parte da Direcção Regional da Cultura. Todavia, a «regeneração do espaço público
é da responsabilidade da Câmara», disse, deixando um desafio a Ana Abrunhosa,
presidente da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Centro
(CCDRC), no sentido de «alargar a Política de Cidades a espaços urbanos, como o
Lorvão».
Antes de falar sobre o projecto de requalificação de Lorvão
que, no entender de Humberto Oliveira, depois de estar no terreno, irá
“arrastar” a intervenção de privados, o edil centrou-se na educação,
“inspirado” pela inauguração do Centro Escolar, uma obra “exemplar”, em
funcionamento desde a Páscoa, com 50 alunos.«A educação é a prioridade da
gestão municipal», afiançou, sublinhando que nas Grandes Opções do Plano de
2014 este sector só era ultrapassado pelas vias de comunicação e, em 2015,
«certamente será a que terá maior nível de execução».
Humberto Oliveira elencou as obras de construção e
requalificação que, desde 2010, o executivo efectuou, em Penacova, Lorvão,
Aveleira, Espinheira, o apoio ao transporte de alunos, a oferta de livros e
manuais escolares, o funcionamento dos estabelecimentos de ensino das 7h30 às
19h00 (que custa ao município 150 mil euros/ano), prémios de mérito e bolsas de
estudo. Uma palavra para a Escola de Artes, a funcionar desde Setembro, «com
mais de 100 crianças», que aposta na formação musical e também nas artes
teatrais.
Apesar deste diagnóstico positivo, o autarca entende que
«temos a obrigação de ser mais interventivos» e a intervenção prioritária a
fazer «é na EB1 de Figueira de Lorvão e sedimentar a Escola de Artes». Também
aqui Humberto Oliveira apelou às “boas graças” de Ana Abrunhosa, tendo em conta
que o actual quadro comunitário não contempla fundos para este tipo de
infra-estruturas.
O presidente fez ainda um balanço das obras efectuadas com o
apoio do FEDER que, além das escolas, incluíram a biblioteca, a requalificação
urbana da sede do concelho, campos sintéticos, parque de estacionamento, zonas
industriais, que representam disse ,«sete milhões e 500 mil euros». De fora,
lamentou, ficou a requalificação do antigo Tribunal. «Temos de reforçar as
verbas para as infra-estruturas escolares», defendeu, admitindo a necessidade
de «procurar noutras tipologias de programas, outras formas de financiamento»,
tendo em mente a intervenção, necessária, a efectuar na EB1 de Figueira de
Lorvão.
Ana Abrunhosa tranquiliza
A responsável da CCDRC “tranquilizou” o autarca, que elogiou
amplamente, afirmando que a «regeneração urbana é uma prioridade do POR», com
«pouco mais de 300 milhões de euros», e cujos projectos não passam pelas
comunidades intermunicipais, mas são «tratados directamente pelos municípios».
Ana Abrunhosa adiantou que há possibilidade de abertura do programa Política de
Cidades «à requalificação urbana fora das sedes de concelho, desde que sejam
zonas históricas, ribeirinhas ou muito degradadas». Disse ainda que a reunião
solicitada por Humberto Oliveira para tratar desta “questão Lorvão” será
marcada a breve trecho.
Relativamente aos apoios para
infra-estruturas escolares, Ana Abrunhosa reconheceu a insuficiência de verbas,
esclarecendo que a União Europeia entendeu que «já tínhamos investido muito
nesta área». As negociações permitiram obter uma verba de 350 milhões, “bolo”
do qual coube uma “fatia” de 95 milhões aos 100 municípios da Região Centro. A
presidente da CCDRC reconheceu que, num primeiro levantamento, «a dotação
corresponde a 12% das necessidades identificadas». «Não nos vamos contentar com
estes valores», prometeu, sublinhando que «são áreas essenciais». Por isso
deixou a receita: «temos de investir muito bem estes valores para ,depois,
junto da Comissão Europeia, conseguirmos aumentar essas verbas. A CCDRC conta
com o apoio dos municípios nesta luta», rematou Ana Abrunhosa.
Homenagem a dois funcionários
No Dia do Município, Penacova evocou
António José de Almeida, o Presidente da República, o deputado, o médico, o
reformador, o democrata e defensor dos mais fracos, um dos paladinos da
gratuitidade e obrigatoriedade do ensino primário, impulsionador das bolsas
universitárias a estudantes pobres, mas também da protecção dos trabalhadores
no período da maternidade e da regulação do descanso semanal.
Uma evocação de memórias,
consubstanciada na deposição de uma coroa de flores no busto de António José de
Almeida, em Penacova. Já em Lorvão, foi o momento de homenagear o mérito, com a
distinção de dois funcionários exemplares, que cumpriram 25 anos de serviço.
Zulmira Antunes não pôde estar
presente, mas o presidente fez questão de sublinhar o seu papel em termos de
Acção Social. «Hoje temos uma equipa. Há 25 anos era só uma pessoa», disse.
António Ventura foi o outro
homenageado. Por sinal o nome não “corresponde”, pois no BI reza António Manuel
Correia de Almeida. Mas foi a António Ventura – como sempre lhe chamou – que
Humberto Oliveira deu um forte abraço de amizade e reconhecimento. «É pau para
toda a obra», disse, sublinhando que «é um dos poucos homens do concelho que
consegue fazer barcas serranas». Mas o mérito de “António Ventura” vai mais
longe. «Ainda recentemente recebeu um prémio na gala do desporto, hoje recebe
este, e se amanhã fizermos uma gala da cultura, também recebe um prémio», disse
o autarca.
Texto de Manuela Ventura