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BEIRA AGUIEIRA - Alunos guineenses dormiram ao relento e reivindicam condições de habitabilidade




Alunos guineenses a estudar na Escola Profissional Beira Aguieira, em Penacova, dormiram ao relento de segunda-feira para ontem junto à Câmara de Penacova, acção de protesto que previam repetir de ontem para hoje em protesto «contra as péssimas condições de habitabilidade nas antigas enfermarias do Hospital Psiquiátrico do Mosteiro de Lorvão.

São 46 alunos guineenses que se encontram a frequentar a Escola Profissional da Beira Aguieira desde 24 de Fevereiro ao abrigo de um protocolo entre o Governo português e a Guiné-Bissau. No entanto, a 7 de Abril, os jovens africanos foram colocados na Escola Profissional da Régua mas, cerca de cinco meses depois, regressaram a Penacova, uma vez que se encontram inscritos na Escola Profissional da Beira Agueira, nos cursos de Informática, Gestão do Ambiente, Saúde, Cozinha, Pastelaria e Restaurante Bar.

«O alojamento é o grande problema. Além de ficar bastante longe da escola e ser muito húmido, o espaço em que nos encontramos é, no mínimo, desumano. Os responsáveis pelo estabelecimento de ensino prometeram resolver o problema dentro de um mês, embora alguns companheiros não estejam na disposição de regressar ao Mosteiro de Lorvão», confidenciou Iber Sanca, de 19 anos e que frequenta o 2.º ano de Informática.

«Estivemos na Régua durante cerca de cinco meses e colocaram-nos numa residência da Escola Profissional com excelentes condições, um espaço que demarcamos de “5 estrelas”. Agora, no regresso a Penacova, querem-nos colocar de novo no Mosteiro de Lorvão em condições desumanas», referiu, por seu turno, Tibna Cumba, aluno de 17 anos que frequenta o 2.º ano de Gestão do Ambiente.

«Nós gostamos da Escola Profissional Beira Aguieira, só não queremos ficar instalados no Mosteiro de Lorvão, dado que não oferece as mínimas condições. Há companheiros que vão permanecer na rua, junto à Câmara Municipal, em manifesto protesto. No total somos 46 alunos – 23 rapazes e 23 raparigas – que ocupam quatro quartos – dois para os rapazes e outros dois para as raparigas –, mas apenas existem dois quartos-de-banho partilhados por ambos os sexos», disse Felismino Silvano Ié, de 18 anos, que frequenta o 2.º ano de Informática.

Envolto em diversas lendas, o Mosteiro de Lorvão é olhado pelo grupo de raparigas como um «local ensombrado», mas a reivindicação assume contornos preocupantes, já que, no Inverno, «a humidade acumula-se, os cobertores ficam com um cheiro nauseabundo, que farpeiam no corpo, e o frio entranha-se e os pés ficam bastante inchados», adiantou Felismino Silvano Ié.

Pese embora as várias tentativas de recolher um depoimento junto da Escola Profissional Beira Aguieira sobre este protesto, ninguém se quis pronunciar, embora se trate de um problema delicado. Já o director do estabelecimento de ensino, João Fonseca, manteve o telemóvel desligado durante toda a tarde.

Carlos Sousa – Diário de Coimbra