BEIRA AGUIEIRA - Escola assegura “estadia condigna” a alunos
«Quando uns se acham no direito
de terem mais direitos que outros, não têm lugar na nossa escola». Assim
termina um comunicado da Escola Beira Aguieira (EBA), a propósito da
manifestação de vários estudantes da Guiné Bissau, que se mostraram
descontentes com o alojamento nas enfermarias do antigo Hospital Psiquiátrico
de Lorvão.
Explica a instituição que, «a
estes alunos, foi-lhes proporcionada estadia condigna, onde a maioria dos
colegas está instalada, e naquele mesmo local, muitos grupos de turistas ficam
alojados ao longo do ano», questionando ainda argumentos como o facto de
sentirem “espíritos”, “passos que se ouvem durante a noite” e “ frio e humidade
durante o Inverno”, «argumentos que falam por si próprios».
Relata ainda que, «perante a
recusa em ficarem ali instalados, a gerência da EBA, na procura do normal
funcionamento da escola e tranquilidade geral da comunidade, propôs aos
referidos alunos, a permanência provisória naquele espaço, que continua a
considerar perfeitamente digno e capaz, e ao longo do mês de Outubro, a
transferência para outros locais que estão a ser objecto de pequenas
reparações».
Esta proposta «agradou a todos,
que de imediato aceitaram, mas um grupo, apesar da aceitação, prefere continuar
a dormir na rua, com os argumentos já referidos e dando o espectáculo que
mereceu tanta audiência», diz ainda a EBA, garantindo que «não irá vacilar
naquilo que considera como trave mestra do seu Projecto Educativo: o respeito.
Respeito pela qualidade, respeito pela formação, respeito pelos valores
humanos, respeito pela justiça, respeito pela solidariedade e equidade,
respeito pelos direitos de todos».
A missiva enviada pela Escola
Beira Aguieira à nossa Redação não especifica se pretende deixar de contar com
estes alunos, e o mesmo não foi possível confirmar junto da Direcção, em
diversos contactos efectuados, quer junto do director, João Fonseca, ou mesmo
directamente para o estabelecimento.
No entanto, verifica-se, como foi
anunciado, que um grupo de alunos acabou mesmo por passar a segunda noite no
Terreiro de Penacova, onde se mantinha ontem à tarde, uma situação que,
inclusivamente, deu origem a inúmeros comentários nas redes sociais, muitos
deles a favor dos jovens, e tantos outros contra a sua posição.
José Carlos Salgueiro - Diário de Coimbra