OPINIÃO - Deixem a Lampreia em paz!
Há
alguns anos, no âmbito de uma actividade importante para Penacova, que terá
passado despercebida para muita gente – o Seminário Mondego Vivo - numa
apresentação que designei por “Penacova: afinal quem somos...e o que é que
pretendemos”, eu tive a oportunidade de fazer a caracterização sócio-económica
da nossa terra na perspectiva social e demográfica, na perspectiva económica e
empresarial e, ainda, na perspectiva do desenvolvimento e sustentabilidade.
Apontei as debilidades do nosso concelho:
- reduzida projecção da imagem;
-
dificuldades na fixação da população;
-
deficit de empreendedorismo;
-
não complementaridade regional;
-
dependência de transferências públicas!
E,
como Estratégia de Desenvolvimento Local, apontei os Vectores de Desenvolvimento:
-
Gastronomia;
-
Águas Minerais Naturais;
-
Turismo;
-
Pesca e Desporto (aventura e lazer);
-
Agricultura Biológica;
-
Plataforma Logística!
Conclui, então, que as nossas Âncoras de Desenvolvimento eram: o IP3, a Montanha e o Rio Mondego!
Ousei, também, designar a Lampreia como ex-libris!
Por prognosticar – conhecedor que sou da importância do ciclóstomo noutras paragens do mundo – que os tempos são propícios a que um determinado produto de eleição catapulte e induza o desenvolvimento de uma região, como pode ser o caso se o assunto for tratado como deve: com entusiasmo e com toda a gente a remar para o mesmo lado.
Dentro da Estratégia de Desenvolvimento Local, tratei, igualmente, dos processos críticos, ou seja o que se identifica em cada momento como handicap a uma determinada solução:
Recursos
(organização, distribuição e reinvestimento local); Inovação; Capital social
(capacidade de cooperação entre indivíduos, grupos, organizações e
instituições); Governance/como capacidade institucional para controlar,
fortalecer os mercados existentes ou criar novos mercados; cooperação
institucional e sustentabilidade.
Perguntar-me-ão
os meus conterrâneos, afinal, porque trazer tudo isso, agora, à colação?
A
razão é simples.
Se
é indiscutível que o nosso Concelho já não é o mesmo (que todos os índices
evoluíram; que as pessoas acordaram para o associativismo; que se vivem
momentos de cor e alegria pelas nossas aldeias e ruas; que a população anónima
está envolvida no próprio desenvolvimento, integrando-o na pele), a grande
verdade é que os tais processos críticos de que falei então e que apontei
acima, continuam imutáveis!
Veja-se
o caso da Lampreia.
Todos
os responsáveis do nosso Concelho – aqueles a quem confiamos os nossos destinos
e os nossos votos – deviam estar unidos no desenvolvimento da marca Penacova,
onde a Lampreia tem, de facto, lugar de destaque. E deviam fazê-lo sem
rancores, com entusiasmo, sem lhe causarem males que, muitas vezes, dão cabo de
anos e anos de investimento e abnegação.
Mas
não, estão é interessados em discutir quem fez mais isto ou aquilo; quem deu
mais contributo aqui ou ali...quem começou primeiro ou teve a ideia, pondo-se
em bicos de pés.
É,
pois, caso para dizer:
Entendam-se
lá, cooperem e não façam dos Penacovenses parvos, porque eles não o são!
E
alegoricamente: Deixem mas é a Lampreia em paz!
Luís Amante