PRIORIDADE - Jaime Ramos e Almeida Henriques exigem construção da auto-estrada entre Coimbra e Viseu
Jaime Ramos, candidato à Câmara
de Coimbra, e Almeida Henriques, presidente do município de Viseu, estiveram
ontem lado a lado na defesa de melhores acessibilidades rodoviárias e
ferroviárias na região e também na luta contra o centralismo de Lisboa.
«É escandaloso» que não se faça uma «via estruturante» como a
auto-estrada de ligação entre Coimbra e Viseu, quando se fizeram «auto-estradas quase redundantes», disse
Almeida Henriques, ao defender a solução da Via dos Duques (prolongamento da
A13 de Ceira a Santa Comba Dão, mantendo- -se o IP3 como alternativa sem
portagens). O Governo anterior, lembrou, projectou a concessão, construção e
exploração, sendo «lamentável que dois
anos depois volte tudo à estaca zero», com a actual administração central a
afirmar que são necessários mais estudos.
Para o autarca
social-democrata, provavelmente, porque haverá dinheiro para a construção, o
entrave será ideológico, fruto da presença de PCP e Bloco de Esquerda na
solução governativa, uma vez que o projecto previa exploração por privados.
Enquanto isso, o IP3 continua «uma
estrada da morte», notou, ao referir-se a troços sem sinalética à noite. «Será preciso muito dinheiro para resolver?
Não será incúria?», questionou. A Via dos Duques, também defendida por Jaime
Ramos, adoptaria o lanço do IC12 já construído (entre Santa Comba Dão e Canas
de Senhorim), a construção do seu prolongamento até à auto-estrada A25, em
Mangualde, e a continuação da A13 entre Ceira (Coimbra) e a Barragem da
Aguieira, além da ligação entre esta infra-estrutura e Santa Comba Dão, então
anunciada com recurso à duplicação do IP3.
«A A13 tem de continuar até Viseu», sublinhou Jaime Ramos,
considerando que a via, prioritária para garantir a ligação entre as duas
cidades, permitiria também «aumentar a
atractividade» da A13.
Para o candidato da coligação
Mais Coimbra (PSD/CDS/ PPM/MPT), também defensor de intervenções e melhorias no
IP3, não se pode deixar o Governo em paz enquanto não se fizer a ligação por
auto-estrada entre Coimbra e Viseu.
Em relação à ligação
ferroviária da região à fronteira de Vilar Formoso, os candidatos social democratas
às câmaras de Coimbra e de Viseu (Almeida Henriques deverá assumir que é
recandidato em breve) não partilham o mesmo ponto de vista.
Jaime Ramos defende a
reabilitação da Linha da Beira Alta, a partir de Coimbra/Pampilhosa, e o
autarca de Viseu a construção de uma ferrovia entre Cacia/Aveiro e a Linha da
Beira Alta, em Mangualde. Jaime Ramos não é contrário à perspectiva de Almeida
Henriques e considerou as duas ligações necessárias, mas afirma-se «escaldado» e «enganado», por sucessivos governos, com o abandono de
infra-estruturas existentes em favor de novos projectos, disse, ao dar o
exemplo do Ramal da Lousã. Independentemente da solução, Jaime Ramos reclama em
Coimbra «uma plataforma logística de
mercadorias».
Governo
empenhado na ligação Coimbra-Viseu
O ministro do Planeamento e
das Infraestruturas, Pedro Marques, garantiu ontem que o Governo não desistiu
de encontrar uma alternativa ao Itinerário Principal 3 (IP3) e que está a
decorrer o estudo do traçado entre Coimbra e a Barragem da Aguieira.
Durante a abertura do IV
Seminário de Empreendedorismo de Nelas, o presidente da autarquia, Borges da
Silva, disse que a região tem “uma
lacuna gravíssima, que é a de não haver uma autoestrada entre Viseu e Coimbra”
– cidades atualmente ligadas pelo IP3 – e defendeu que, “mais do que palavras, são precisas ações”. “É também meu desígnio passar do powerpoint à obra nessa matéria. O IP3
tem tantas primeiras pedras lançadas como ausência de estudos para a realização
dessa obra”, respondeu-lhe Pedro Marques.
Segundo o governante, “já muitos ministros e muitos secretários de
Estado e até primeiros-ministros participaram em sessões de apresentação do
IP3, em lançamentos de primeiras pedras e afins”.
“Neste momento, está a ser feito – porque este Governo o está a realizar
– o estudo de traçado do IP3, em particular no troço entre Coimbra e a Barragem
da Aguieira, que não estava feito”, explicou.
O ministro considerou “surpreendente” que se tenham prometido
“estradas para o ano seguinte, estradas para o mandato a seguir” quando, “na
verdade, nem os estudos dos traçados estavam feitos relativamente à questão do
IP3”.
“Portanto, por muito que vos digam o contrário, está a ser feito agora o
estudo de traçado que permitirá fazer a avaliação de impacto ambiental a
seguir, definir traçados, definir rotas, para aquela ligação importante”,
assegurou aos participantes do seminário.
Pedro Marques disse que o
Governo considera que esta “é a obra
rodoviária que falta realmente fazer no país destas de grande alcance”. “Daquilo que não está feito, que é o estudo
do traçado de Coimbra até à Barragem da Aguieira, estamos a trabalhar este ano
para obter a declaração de impacto ambiental no próximo ano e tomar as decisões
finais, e lançar os projetos que tiverem de ser lançados relativamente a toda a
ligação”, acrescentou.
