OPINIÃO - AVC hemorrágico, pouco conhecido, mas igualmente mortal
O Acidente Vascular
Cerebral (AVC) é uma emergência médica que se carateriza pela súbita diminuição
do fluxo sanguíneo no cérebro, o que impede que este órgão receba o oxigénio e
nutrientes necessários à sobrevivência das células cerebrais. Esta doença é
atualmente a principal causa de morte e incapacidade permanente em Portugal.
Existem dois tipos de
AVC, o AVC isquémico provocado pelo bloqueio/obstrução de uma artéria,
vulgarmente conhecido por “trombose”, e o AVC hemorrágico, provocado pela
rutura do vaso, denominado “derrame cerebral”.
O AVC hemorrágico é
menos frequente e representa cerca de 15% do total dos acidentes vasculares
cerebrais, sendo, no entanto, potencialmente mais grave.
Ambos requerem uma
resposta rápida assim que os sinais de alerta forem percecionados, uma vez que
quanto maior for o tempo entre o início do AVC e a intervenção médica, maior é
a probabilidade de surgirem lesões potencialmente irreversíveis no doente.
Entre os sintomas mais
comuns está um conjunto de manifestações comumente conhecido pelos “3 F’s”. São
eles: a face descaída, dando uma sensação de assimetria do rosto; a diminuição
da força num braço ou numa perna (ou ambos), que pode ser acompanhada por uma
sensação de desequilíbrio; e a dificuldade na fala, fala arrastada, dificuldade
em ter qualquer tipo de conversação ou existência de discurso pouco
compreensível e sem sentido. A alteração da visão, nomeadamente a diminuição
abrupta de visão num ou em ambos os olhos, uma forte dor de cabeça ou
dificuldade em coordenar ou movimentos, são também sintomas frequentes. Sempre
que estes sinais surgirem, deve contactar o 112 e dirigir-se ao hospital mais
próximo.
Ao contrário do AVC
isquémico, em que o internamento em unidades diferenciadas e os tratamentos na
fase aguda (nas primeiras horas após início de sintomas) contribuíram para a
diminuição de mortalidade e do grau de dependência dos doentes, no AVC
hemorrágico esse efeito não se conseguiu. Os tratamentos de fase aguda não são
tão eficazes e estes doentes não têm muitas vezes acesso a cuidados específicos
em unidades diferenciadas.
É no sentido de
combater este paradigma que o Núcleo de Estudos da Doença Vascular Cerebral
(NEDVC) da Sociedade Portuguesa da Medicina Interna tem incentivado à
investigação e formação na área. Para debater este e outros temas relacionados
com prevenção, avaliação e tratamento dos doentes com doença vascular cerebral,
diversos Internistas e outros profissionais de saúde irão reunir-se no 19º
Congresso do NEDVC, que se realiza nos dias 23 e 24 de novembro, no Hotel
Crowne Plaza, na cidade do Porto.
Para além da vertente
científica, o NEDVC também se tem preocupado em sensibilizar a população para
este problema, principalmente no que toca à prevenção. Mesmo que fatores de
risco como a genética, a idade ou o género (o AVC é mais frequente nos homens)
sejam incontornáveis, existem outras formas de reduzir exponencialmente o risco
de sofrer um AVC, tais como controlar a pressão arterial, a glicemia e o
colesterol, adotar uma alimentação saudável, pobre em gorduras e sal, praticar
exercício físico regularmente, não fumar, nem consumir bebidas alcoólicas em excesso.
São estas pequenas
ações que, certamente, farão a diferença na qualidade vida de cada indivíduo.
Luísa Fonseca – Médica Internista
Sobre a SPMI
A Sociedade Portuguesa
de Medicina Interna (SPMI) é uma associação científica, fundada em 1951. Tem
como finalidade promover o desenvolvimento da Medicina Interna ao serviço da
saúde da população portuguesa. Promove ainda a investigação e o estudo de
problemas científicos, bem como a organização de atividades educacionais, no
âmbito da formação contínua, dirigidas aos médicos e à população em geral, no
campo da Medicina Interna. Para mais informações consulte https://www.spmi.pt/
Sobre o NEDVC
O Núcleo de Estudos da
Doença Vascular Cerebral (NEDVC) da Sociedade Portuguesa da Medicina Interna (SPMI)
centra a sua atuação na investigação, formação e consciencialização de
profissionais de saúde e da população no âmbito da doença vascular cerebral.
Este grupo é constituído por Internistas associados da SPMI.
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