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OPINIÃO - Violência doméstica ou crise civilizacional?

Começa a ser absolutamente dramático o cenário do nosso País quando observado na óptica do que se convencionou chamar de “violência doméstica”.

Dramático e merecedor de posições conjuntas – e veementes - de todos nós, portugueses!

Quando se fala deste tipo de crime público, bom seria que se tivesse consciência de que ele é fruto, em primeiro lugar, de falhas graves acumuladas no sistema de educação, entendido este como o conjunto de valores que são transmitidos às gerações, quer através dos organismos do estado, quer através dos exemplos veiculados pela sociedade, nas várias facetas da sua organização...mas onde a Família constitui o pilar principal.

Depois, ainda é bom que se perceba de que estão englobados, no conceito, situações diversificadas, algumas sem a conexão evidenciada do dito “doméstico”.

E, também, é bom que se retenha que, contrariamente ao que muitos sectores defendem, a violência é de género, efectivamente, mas não só sobre o sexo feminino!

Existem muitos homens vítimas de violência: os homens homossexuais; os homens deficientes; os homens fragilizados, no geral.


Esta “violência” existe em casa, no seio familiar; nas escolas; nas forças armadas; nos empregos; nos cargos públicos e políticos, etc, etc.

Assim sendo, observado o fenómeno deste prisma, ressalta – e resulta – que o que estamos é perante uma crise de civilização onde o valor da vida e o respeito pelo bem estar social perdeu, completamente, o sentido.

As pessoas coabitam com outras pessoas que não conhecem, verdadeiramente; o ser humano, aumentando a cada passo a sua capacidade intelectual, vai perdendo a noção de que a vida em sociedade tem que ser uma vida, acima de tudo, de respeito e de respeitos e não só uma vida de confronto ou competição.

Os géneros, temerosos da vida solitária, entregam-se sem reservas a relações imponderadas!

O resultado é um sucessivo – e nem sempre bem propagado – cenário de terror!

E como é que isso se consegue mudar, perguntar-me-ão?

Sem varinha mágica, mas conhecendo bons exemplos de vida social respeitosa, a modificação objectiva deste estado de coisas só será alcançada se se modificarem, radicalmente as mentalidades.

Eu acho, sinceramente, que nada mudará enquanto as pessoas se mostrarem receosas e não denunciarem as situações, logo à nascença dos instintos violentos;

Nada mudará enquanto, por exemplo, a atribuição da casa morada de Família não seja objecto de decisão cautelar imediata a favor da(o) agredida(o), contra o agressor;

E nada será diferente sem que se criem mecanismos de proteção resistente e forte das crianças, quando elas estão envolvidas, sem as deixar passar pelos tormentos que hoje se lhes apresentam nas separações.

Ainda,

Nada mudará enquanto se pensar que o assunto se resolve (e os seres vão deixar de ser violentados ou mortos) criando comissões inúteis por inusitadamente incompetentes.

Nada mudará enquanto os maus exemplos vierem, justamente, daqueles que deviam ser/constituir os melhores exemplos...e até são pagos por todos nós para os dar!

Luís Pais Amante - Advogado


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