OPINIÃO - A violência doméstica e a “colher”
Hoje temos verificado uma enorme actividade mediática sobre o triste fenómeno da violência doméstica contra as mulheres; empurram-se as instituições para a fotografia.
Sim,
porque apesar de a violência doméstica também acontecer contra os homens, facto
é que aquela que atinge as mulheres representa cerca de 85%, no nosso País.
Já
escrevi aqui, no PA, que este problema corresponde, objectivamente, a uma
“crise civilizacional” e só tenho razões para manter a minha afirmação.
Sim,
porque existem países em que o fenómeno, tendo expressão, não é, de modo algum,
tão provocador.
Dentro
deste traçado contexto, é óbvio que as questões conexas com a realidade só
atingiram uma tal vergonha nacional, porque as autoridades públicas, encabeçadas
pelos Governos, andam há 45 anos a brincar com as mulheres deste País: com as
nossas avós; com as nossas mães, com as nossas irmãs; com as nossas filhas...
...
E, verdade seja dita, o discurso hoje adoptado, não se dirige ao flagelo
propriamente dito!
A
situação é transversal à sociedade, porque existe violência doméstica contra as
mulheres a todos os níveis sociais.
Sim,
ainda não esquecemos a concreta situação de um tal professor Carrilho, ministro
da República, que, salvo erro ou omissão, não mereceu posição pública dos seus
correligionários partidários, que não por mero acaso também eram ministros...e
secretários de estado...e directores-gerais, etc.
Então,
perguntar-se-à a que propósito vem a
“colher”; e porque é que o Estado não adopta mecanismos efectivos de prevenção,
que vão para além dos “sacos” dos cartazes da GNR;
-
porque não considera a questão um flagelo nacional que precisa de um corpo
estruturado e com meios e investe nisso a sério;
-
porque demorou 43 anos a pôr comissões disto e daquilo a aprender a lidar com a
violência doméstica?
-
porque só recentemente se lembrou que estamos perante situações muito
específicas, que necessitam de profissionais “treinados” e “habilitados”?
-
porque permite que os criminosos registados continuem a contactar – e a
amedrontar – as vítimas enquanto não as matam;
-
ou porque é que as questões da regulação das responsabilidades parentais continuam
a estorvar – é o termo – o afastamento puro e simples dos agressores?
A
resposta é simples:
Os
nossos governantes têm, ainda, matriz assinalavelmente machista e o problema não
dá votos, nem se resolve pondo a secretaria de estado da cidadania a competir
com a da igualdade e esta com a da justiça e todas com a das finanças, etc,
etc.
A
“colher” (que é efectivamente uma situação expositiva) não passa de um apelo
patético à delação, que procura desviar a culpabilidade.
Futuramente
veremos os mesmos governantes a dizer: pois, as pessoas não fazem queixa...
E,
verdade seja dita – diz-vos quem conhece a problemática - ainda que haja queixa
reforçada a partir do apelo, a GNR não actuará muitas vezes porque nem carros
tem; a PSP não actuará muitas vezes porque tendo carros eles não têm rodas; os tribunais
não actuarão muitas vezes porque não têm funcionários; e o resto das ditas
autoridades públicas não intervirão porque andam a discutir o tema em formação
profissional, uns e os restantes amplamente desmotivados!
É
preciso termos presente que as nossas MULHERES VITIMAS pertencem a um grupo
desprotegido, como o são os reformados, os mais desfavorecidos, os doentes, os
idosos, os deficientes, os desempregados ou seja, aqueles pelos quais os
governos pouco têm feito, apesar de haver muita gente a fazer queixa!
Luís Pais
Amante
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