ILUSTRES [DES]CONHECIDOS - Júlio Ernesto de Lima Duque (1859-1927)
Lima Duque
não nasceu em Penacova mas a sua vida repartiu-se por este concelho onde casou
e teve intervenção política, por Coimbra, onde estudou e fez carreira médico-militar e, por Lisboa, onde fez parte do Congresso da República e foi
Ministro.
Júlio
Ernesto de Lima Duque nasceu a 11 de Agosto de 1859, na freguesia de
Chancelaria, concelho de Torres Novas. Era filho de José Gomes Duque e Otília
Simpatia de Lima Duque.
Casou em
Penacova com Maria da Pureza Correia Leitão, filha do Conselheiro Alípio
Leitão, no ano de 1888. Enviuvou muito cedo e
casou uma segunda vez, em Coimbra, (1907) com Isaura Carolina de Lima
Duque, sua prima.
Estudou
Medicina na Universidade de Coimbra, concluindo o curso em 1886 e indo de imediato exercer funções como facultativo do partido médico de Farinha Podre, durante um
curto espaço de tempo.
Pouco depois, ingressou no Exército, na arma de artilharia, onde foi cirurgião-militar:
tenente, 1889; capitão, 1897; major, 1911; tenente-coronel, 1911 e coronel em 1917. Passou à reserva em 1925. No
início da carreira, prestou serviço em
Moçambique. Ocupou o cargo de Inspector de Saúde junto da 5.ª Divisão. Foi Director
do Hospital Militar de Coimbra e Presidente
da Junta de Saúde daquela cidade.
Iniciou a
vida política de âmbito nacional em 1898 como deputado do Partido Progressista pelo
círculo de São Pedro do Sul. Foi ainda deputado pelos círculos de Penacova em
1899 e 1900; Arganil em 1901; Lamego em 1904 e Viseu em 1905. Foi ainda
governador civil de Évora (1904 a 1905). Em 1910 ainda se candidatou-se por
Arganil, mas a eleição não foi validada até ao 5 de Outubro. Era um poderoso
influente eleitoral na região de Penacova e Poiares.
Na fase
final da Monarquia abandonou os progressistas e procurou o apoio de diversos
partidos para acautelar a sua eleição e influência local. Após o 5 de Outubro
manteve durante algum tempo os ideais monárquicos, tendo participado na
revolta monárquica de 27 de Abril de 1913, em virtude da qual foi preso.
Posteriormente, aderiu à República e filiou-se no Partido Republicano Evolucionista. Foi dirigente concelhio, em Penacova, desta formação política fundada por António José de Almeida, sendo também presidente da Junta Distrital.
Posteriormente, aderiu à República e filiou-se no Partido Republicano Evolucionista. Foi dirigente concelhio, em Penacova, desta formação política fundada por António José de Almeida, sendo também presidente da Junta Distrital.
Acompanhou a
ala conservadora da República aderindo ao Partido Republicano Liberal
(1919-1923) e ao Partido Republicano Nacionalista (1923). Foi Presidente da
Comissão Distrital de Coimbra do PRL e foi eleito membro substituto do
Directório daquele partido em 1922. Foi substituto do Directório e Presidente
da Comissão Distrital de Coimbra do PRN em 1923. Em Dezembro esse ano fez parte
do efémero «Directório Sombra» do PRN (grupo pró-Álvaro de Castro) e aderiu à
facção dissidente liderada por aquele político, inscrevendo-se no Grupo Parlamentar de Acção
Republicana.
Durante a
República foi Senador, pela primeira vez, em 1915-1917, por Leiria, e em
1919-1921, representando Portalegre. Nos anos seguintes voltou
a ser Senador, desta vez por Viseu. Em 2 de Dezembro de 1922 foi eleito 2.º
vice-presidente do Senado.
Foi ministro
do Trabalho em quatro ocasiões: 19 de Julho a 20 de Novembro de 1920; 24 de
Maio a 30 de Agosto de 1921; 30 de Agosto a 19 de Outubro de 1921 e 18 de
Dezembro de 1923 a 6 de Julho de 1924.
Em 1901 foi
um dos fundadores do “Jornal de Penacova” onde se destacou como articulista polémico. Teve
uma vasta colaboração na imprensa, escrevendo em diversos jornais e revistas: Coimbra
Médica, Revista Académica de Coimbra, Imparcial de Coimbra, Elvense, O Dia, Correio
da Noite, Novidades, Jornal da Noite, Medicina Militar e A
Província (jornal do Partido Evolucionista) do qual foi director.
As celeumas
com o periódico “A Folha de Penacova”, jornal regenerador, atingiram por vezes
foros de grande agressividade. A Folha chamou-lhe solípede, duque de
copas, amigo de Peniche. Por essa época Lima Duque encetou intensa campanha
pela destituição de Alfredo de Pratt, administrador concelhio, o que veio a
suceder. O jornal “A Folha de Penacova” contra-ataca e desmonta as ''jogadas'' da política local, de feição
progressista.
S. Pedro de
Alva, onde iniciou a sua carreira de médico, teve para com ele uma consideração
especial. Em 1916, no jornal “Ecos de S. Pedro de Alva” é
referido como ''ilustre amigo de S. Pedro de Alva'' e apontado como um dos
grandes promotores, enquanto deputado, dum melhoramento há muito reivindicado:
o Chafariz daquela localidade.
Seu pai,
José Gomes Duque, foi dono da “Farmácia
Duque” na Rua Alves Mendes, em Penacova e neste concelho ocupou o cargo de Administrador (1888) e Vice-Presidente da Câmara (1896).
Na Mata, na
casa onde nasceu, encontra-se uma lápide com a seguinte inscrição: "NESTA
CASA NASCEU EM 11 DE AGOSTO DE 1859 O DR. LIMA DUQUE CORONEL MÉDICO JORNALISTA
ORADOR PARLAMENTAR E MINISTRO HOMENAGEM DOS SEUS CONTERRÂNEOS NO CENTENÁRIO DO
SEU NASCIMENTO 11 DE AGOSTO DE 1959"
Júlio
Ernesto de Lima Duque faleceu na sua casa da Cumeada (zona da Av. Dias da
Silva - Coimbra) a 12 de Março de 1927.
David Gonçalves de Almeida
Sem comentários
Leia as regras:
1 - Os comentários ofensivos não serão publicados.
2 - Os comentários apenas refletem a opinião dos seus autores.