COVID 19 - Bombeiros do distrito protegem-se por todos

Corporacões prepararam-se para a pandemia. Fizeram equipas, criaram escalas, prepararam zonas de desinfecção de roupa e frota automóvel e saem sempre protegidos. Querem proteger-se a eles e a quem prestam socorro.


Quando a sirene toca saem num ápice do quartel e raramente sabem o que vão encontrar. Os bombeiros estão (bem) habituados a situações limite e em que nada pode ser descurado. A pandemia causada pela Covid-19 veio, uma vez mais, colocar à prova os soldados da paz que, ali muitas das situações, são os primeiros a ter contacto com alguém que posa estar infectado. Como se protegem e protegem aos outros? O que mudou na vida das corporações? Estas foram algumas das questões cuja resposta o Jornal quis conhecer e aqui apresenta.

Rute Melo - Diário de Coimbra

António Simões, comandante dos Bombeiros Voluntário de Penacova de Penacova há largos anos.

Em tempo de pandemia atende-nos o telefone com a serenidade que o caracteriza. E explica como a corporação se organiza para "combater" a Covid-19. «Temos um piquete composto por 11 elementos que está 15 dias. Esses primeiros elementos já foram rendidos e agora já está outro», afirmou António Simões. E só estes 11 elementos, e o comandante, podem entrar no quartel que, por estes dias, se encontra fechado a todas as outras pessoas. Até aos outros bombeiros que compõem a corporação. Enquanto não estão "escalados" não entram. Foi assim decidido a bem da saúde de todos.

Com todos os elementos preparados para fazer qualquer tipo de transporte, a corporação tem uma ambulância especialmente pronta para o transporte de um caso suspeito ou confirmado de coronavírus «Os dois elementos que vão na ambulância saem com o equipamento de protecção individual (EM) completo e só o socorrista terá contacto com doente», esclarece. Já no quartel, de regresso a ambulância é toda desinfectada e os bombeiros vão para uma casa-de-banho preparado para o efeito tomam banho e deixam a roupa que usaram. «Só depois de terem este procedimento completado é que contactam com os outros colegas». Além disso, acrescenta António Simões, «três vezes ao dia fazem a avaliação uns aos outros, com medição da febre, sinais vitais, oxigénio, entre outros aspectos. E se surgir algum sinal de alerta? «Contactam-me e são substituídos», diz. Até ao momento nenhum dos elementos das duas equipas em serviço apresentou qualquer sintoma, apesar de estarem, naturalmente, mais expostos do que quem está em isolamento. 

E, mesmo quando o alerta não vem para uma situação suspeita, os bombeiros têm cuidados acrescidos e vão sempre «devidamente protegidos». As situações urgentes têm diminuído fruto também do isolamento social, mas os transportes para alguns tratamentos mantêm-se e há «sempre» todos os cuidados. Quer o socorrista, tripulante e quem é socorrido terá sempre uma máscara colocada. Este é um dos procedimentos que agora, em qualquer socorro existe sempre. Depois há as luvas e outros equipamentos que os soldados da paz não descuram.

Estando em articulação com os lares do concelho e com todos as agentes de protecção civil, a corporação de Penacova já efetuou o transporte de uma pessoa infectada e 15 casos suspeitos com Covid-I9. E se surgirem mais, o comandante garante que “os seus homens” estão «preparados para qualquer situação».

Estada de 24 horas

Em plena Avenida Pernão de Magalhães está, a cada 24 horas, uma equipa dos Bombeiros Voluntários de Coimbra, pronta para acorrer a quem deles precisar. São sete elementos, os únicos autorizados a entrar no quartel por estes dias, que tem feito os transportes de particulares que suspeitam de estar infectados. Querem despistar se estão infectados, e depois de contactarem a Saúde 24, chamam os bombeiros. Nélson Antunes, comandante da corporacão, esclarece que os transportes em Coimbra, quando não é uma situação particular, é assegurado pelo INEM e Cruz Vermelha Portuguesa. Mas nem por isso há menos cuidados. Por estes dias, aliás, todo cuidado é pouco. E paredes meias com o quartel estão a decorrer as obras do futuro quartel, por isso, «há cuidados redobrados». «A cada situação de saída que temos é feita uma desinfecção de tudo o que é utilizado. E após cumprirem as 24 horas os elementos da equipa tomam banho e deixam a roupa que é depois toda higienizada». Quando acabam o turno sabem que só voltarão, no mínimo, três dias depois. Da escala que foi feita pela corporação, «foram retirados os bombeiros com mais de 60 anos e todos os que trabalham em locais de risco». Nos Voluntários de Coimbra não há nenhum caso suspeito dentro da corporação, mas “prevenção é palavra de ordem”. E apesar de uma grande redução em termos de trabalho diário, há sempre situações de emergência. E também nessas a protecção de cada um é levada ao limite.

Na Lousã a corporação também tem uma equipa, de 8 elementos, que está 24 horas de serviço e descansa 48 horas.



«O quartel está encerrado e não há ninguém do exterior entre. Se houver uma situação de emergência grave em que seja preciso chamar mais elementos, pelo toque de sirene, disponibilizamos um vestiário em que quem vier do exterior pode ali trocar de roupa», explica João Melo, comandante dos Bombeiros Municipais. Não tendo feito, até ao momento, o transporte ou socorro de qualquer caso suspeito, João Melo esclarece que, neste momento, todos os casos são suspeitos e como tal há um equipamento mínimo de protecção que é usado sempre. Depois, o equipamento usado é todo desinfectado, numa zona que foi criada para o efeito, e duas vezes por dia o quartel também é alvo de desinfecção. A qualquer elemento que entre ou saia de turno é medida a temperatura corporal. Em caso de haver algum sintoma, o elemento em causa é encaminhado para urna sala de isolamento.

Góis com equipa semanal

Em cada corporação foram tomadas diferentes medidas, e nos Voluntários de Góis há uma equipa de três elementos (que são funcionários da associação) que está de domingo a segunda-feira, e aos fins-de-semana são substituídos por voluntários. O mesmo sucede na Secção de Alvares onde foram constituídas duas equipas de quatro elementos cada. Fernando Gonçalves, comandante da corporação, esclarece ainda que há «acesso limitado ao quartel». Com o plano de contingência activo é possível ficar no quartel «num espaço resguardado» e se o número de infectados for elevado está tudo preparado para ficarem «de quarentena na secção de Alvares». Qualquer saída tem sempre protecção esta e a desinfecção de todo o material é sempre feito pela e na corporação.

O concelho de Góis Já tem uma morte a lamentar e casos confinados, por Isso, todo o cuidado é pouco em tempo de Covid-I9. Até porque, por estes dias, o trabalho não é só de socorro mas também de auxílio à população mais vulnerável quando a entrega de medicamentos e bens alimentares, ou outros que sejam necessários. «Há uma colaboração estreita com a Protecção Civil Municipal, não apenas por causa dos lares de terceira idade, mas também para aqueles que estão mais fragilizados sou sozinhos», explica Fernando Gonçalves.

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