"Não vamos utilizar grupos de combate [com 24 bombeiros], mas sim brigadas de combate [com 12 bombeiros, metade dos elementos do grupo], para não ter tanta gente agrupada", explicou o comandante operacional distrital (Codis).
Assim, em vez da existência de um a três grupos de combate a incêndios - cada um com dois comandantes, oito veículos e 24 bombeiros, a utilizar nas fases mais críticas - serão utilizadas entre duas a seis brigadas, cada uma com quatro veículos, um de comando, dois de combate a incêndios e um autotanque, com um elemento de comando e 12 bombeiros.
"Assim, conseguimos balancear melhor os meios para onde forem precisos. E duas brigadas podem unir-se num teatro de operações e formar um grupo", explicou Carlos Luís Tavares.
O pré-posicionamento de meios será efetuado em locais a definir, em função dos níveis de probabilidade de ocorrência de incêndios rurais e do Estado de Alerta Especial (níveis amarelo, laranja e vermelho) que estiver em vigor.
O Codis de Coimbra disse, por outro lado, que a "intenção" é que os operacionais sejam testados "regulamente" à infeção pelo novo coronavírus: "Queremos testar mais vezes os nossos operacionais. Quanto mais testes puderem fazer, melhor", argumentou.
Outras medidas para cumprir com as indicações das autoridades de Saúde passam pelo uso de cógulas e máscaras de proteção, mas também as derivadas dos planos de contingência das corporações de bombeiros - como o reposicionamento de camas em camaratas para cumprir dois metros de distância - de outras entidades no terreno e da própria Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil (ANEPC).
Questionado sobre quantos bombeiros poderão ir em cada veículo, o comandante operacional distrital respondeu que quer as Equipas de Combate a Incêndios (ECIN), quer as de Intervenção Permanente (EIP), irão manter cinco elementos, "para não pôr em causa a segurança da operação".
No entanto, enfatizou, os chefes de equipa irão medir regularmente a temperatura dos seus bombeiros e estar atentos a eventuais sintomas de infeção.
"Todos os cuidados que já temos hoje, temos de ter em operação [nos incêndios rurais]. Sabemos que o risco vai aumentar [devido `apandemia de covid-19], mas temos de o mitigar", alegou Carlos Luís Tavares.
Em termos de meios humanos e materiais, o dispositivo terrestre hoje apresentado engloba um total de 1.783 bombeiros e 63 elementos de comando, para além de mais de 200 sapadores florestais e 10 máquinas de rasto.
Este dispositivo é complementado, em ações de vigilância, fiscalização e deteção, por 70 militares e 35 veículos do Serviço de Proteção da Natureza e Ambiente (SEPNA) da GNR, 12 polícias e duas viaturas da PSP, e pela rede de torres de vigia - num total de 19, sete já em funcionamento - com 76 vigias civis.
No terreno, em ação de ataque inicial, estarão 69 militares e 11 veículos da Unidade de Emergência de Proteção e Socorro da GNR, apoiados por três helicópteros ligeiros, dois disponíveis a partir de sexta-feira na Lousã e Cernache, e o terceiro a partir de 01 de junho na Pampilhosa da Serra.
Pela primeira vez, segundo Carlos Luís Tavares, Coimbra terá dois aviões anfibios `Fireboss`, que atuam em parelha, cada um com capacidade de três mil litros de água, localizados no aeródromo de Cernache entre 01 de junho e 31 de outubro.

Bombeiros estagiários do distrito de Coimbra estão preparados para os incêndios

Os 60 bombeiros estagiários existentes no distrito de Coimbra completaram a sua formação ao longo de um ano e estão preparados para combater incêndios florestais, mesmo sem terem feito exame, garantiu hoje o comandante distrital de operações.

Questionado pelos jornalistas durante a apresentação do Plano de Operações Distrital de Coimbra – Dispositivo Especial de Combate a Incêndios Rurais, o comandante operacional distrital (Codis), Carlos Luís Tavares, frisou que, em Abril, existiam 60 bombeiros nas corporações “prontos para ir fazer exame”, que “já tinham concluído toda a formação”.

Seriam hoje bombeiros de 3.ª, se não tivesse havido a pandemia [da covid-19]. Aboliu-se o exame que será feito mais tarde”, disse Carlos Luís Tavares, enfatizando que os comandantes de cada corporação de bombeiros “conhecem melhor do que ninguém quem vai a exame”.

A situação não me choca absolutamente nada. Estagiários que hoje já seriam [formalmente] bombeiros e só não o são por causa da pandemia”, reafirmou o Codis de Coimbra.

A colocação de bombeiros estagiários no combate a incêndios é destacada na edição de hoje do Jornal de Notícias, que refere que o caso abrange, a nível nacional, “dois mil jovens que não acabaram o curso nem fizeram exame final”.

Os corpos de bombeiros iriam sempre contar com eles [com os estagiários], são jovens de 18, 19 anos, gente que está disponível”, acrescentou Carlos Luís Tavares.

Sobre a época de incêndios rurais que se aproxima, o comandante operacional distrital frisou que as maiores preocupações dos bombeiros derivam da eventualidade de ocorrerem episódios de severidade meteorológica, mas também de comportamentos de risco por parte da população.

Se os comportamentos dolosos – nomeadamente a acção intencional de incendiários – é algo que os operacionais não conseguem controlar, a exemplo das situações climatéricas, já naquilo que diz respeito à prevenção Carlos Luís Tavares disse esperar que as pessoas “façam a limpeza dos terrenos em redor dos aglomerados populacionais”.

O Codis de Coimbra notou, a esse propósito, algum crescimento de materiais combustíveis em espaços rurais e florestais, devido a ter existido “muita humidade” e outros factores climatéricos que o favoreceram.