Pedalando ao redor de Coimbra*
Dou início, com este trajecto, a uma série de reportagens nas quais irei dar a conhecer os locais onde eu costumo pedalar nesta zona do país, isto é, ao redor da cidade de Coimbra, onde resido. A reportagem, já tem algum tempo, foi feita no Verão, como é possível constatar no decorrer da sua leitura.
O trajecto Coimbra – Penacova – Coimbra pela estrada do Rio Mondego pode ser considerado dos mais belos itinerários paisagísticos da zona de Coimbra.
Outrora muito movimentada, constituía a via privilegiada para quem, saído de Coimbra ou de passagem se dirigia a Penacova, Santa Comba Dão e Viseu, hoje caída em desuso pela alternativa IP3 que sai de Coimbra mais a norte, é considerada uma estrada verde e muito frequentada por ciclistas no seu treino diário e apressado aproveitando a recente requalificação do asfalto ou por simples cicloturistas, que de bicicleta de estrada ou de btt, vão como o Rio, de remanço a aproveitar a paisagem que nunca cansa e em cada curva do Rio ou em cada hora do dia descobrem novos ângulos e cores nos panoramas próximos ou mais longínquos.
É esta via um dos meus quintais preferidos de treino ou simples relaxe.
Chegados à rotunda que dá acesso à famosa Estrada da Beira, as pontes metálicas, são o testemunho de como se atravessava o Mondego e dirigia-se para a Serra da Estrela e Guarda.
A saída de Coimbra é feita sob o túnel da linha da Lousã. É um marco simbólico. Para lá, o reboliço da cidade, dos automóveis, barulhos, fumos e vias rápidas, para cá a calma bucólica e silenciosa de sítios, aldeias, montes que parecem perdidos no tempo.
É a fronteira física e psicológica que nos faz imaginar perdidos numa máquina que nos faz transportar a uma qualquer realidade virtual ou universo paralelo, daqueles que só acontecem nos sonhos.
Depois, começa a viagem pelo paraíso. A paisagem engana-nos, mas de facto estamos apenas a 500m da Cidade de Coimbra e, não fosse a ponte metálica da ferrovia, diríamos que estávamos perdidos no meio de um vale nos confins recônditos do Portugal profundo .
Apesar de ter privilegiado o percurso por asfalto, é de salientar que desta estrada partem inúmeras paredes que vencem desníveis de 300 a 400m e que são o paraíso dos bettistas trepadores. É o nosso quintal de treino para as maratonas declivosas….a dois passos da cidade.
À beira da estrada algumas fontes incluídas no programa de requalificação reconfortam os peregrinos que do interior, se dirige para Fátima ou o simples passeante sedento .
Na margem oposta surgem aqui e ali algumas aldeias alcantiladas nas encostas abruptas, tão perto e tão longe da civilização .
Os sucessivos pontos de vista de grande riqueza pictórica e paisagistica surgem-nos a cada curva do
As curvas e contracurvas da estrada, agora feitas a grande velocidade graças à pista criada com o novo asfalto, parecem os releves de uma montanha russa permitindo soltar adrenalina.
Nem só da bicicleta vive o percurso em termos de actividades desportivas. O Rio é um local privilegiado para a prática da canoagem e kaiak. Uma descida do Rio de Penacova a Coimbra é das actividades de aventura mais divertidas aqui da zona e um must quase obrigatório para a população da área. Inúmeras empresas operam na região e por vezes vêm-se pelotões de centenas de embarcações a descer o Rio, algumas vezes empurradas pelas descargas pontuais das barragens a montante.
O vai vem do transporte destas embarcações é praticamente o único tráfego automóvel da estrada.
A meio caminho entre Coimbra e Penacova surge-nos uma fonte do sec XIX também requalificada que constitui um belo cenário para acentuar a famosa fotogenia da Celeste, que se empoleira num balcão para se ver melhor.
A meio caminho entre Coimbra e Penacova surge-nos uma fonte do sec XIX também requalificada que constitui um belo cenário para acentuar a famosa fotogenia da Celeste, que se empoleira num balcão para se ver melhor.
De seguida surge-nos uma das poucas aldeias do caminho. A Foz do Caneiro, também empoleirada nas encostas abruptas e que permitem, lá de cima visualizar mais ao longe.
Em vez de continuarmos pela estrada, subimos à aldeia na qual a arquitectura de cariz vernáculo e popular ainda é visível em alguns elementos estruturais básicos preservados no tempo mas ameaçados pelo progresso.
Depois de ultrapassada a aldeia, sucedem-se de novo as curvas do caminho e com elas novos ângulos com a mesma qualidade de vistas que vai-se repetindo sem nunca se repetir a mesma paisagem.
Esta primeira parte reporta-se ao percurso Coimbra – Foz do caneiro com cerca de 10km de extensão. Numa segunda reportagem colocarei aqui o resto do percurso de ligação a Penacova com a extensão de outros 10km.espero que tenham ficado com uma ideia da sorte que o pessoal da zona possui com uma maravilha de trajecto destes….para treinar no duro.
*Originalmente publicado aqui
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