OPINIÃO - Moinhos da nossa Terra
Vitorino Nemésio, o Homem que se encantou por Penacova e declarava os Moinhos como sendo uma das suas principais Paixões, escreveu: “É preciso chegar às aberturas e miradouros para achar a razão de ser da fama de Penacova que é o seu admirável panorama de água, pinho e penedia"
As características geográficas de Penacova, nomeadamente a altitude e a existência de zonas ventosas, levou os habitantes de outrora a aproveitarem o vento, construindo Moinhos. Movidos pelo vento (moinhos de vento) ou pela força da água (azenhas) transformavam os cereais em farinha.
Talvez por isso, Penacova possua um dos maiores núcleos molinológicos do país. Ao longo das serras da Atalhada, Aveleira e Roxo, Gavinhos, Paradela de Lorvão e Portela de Oliveira, encontramos 23 moinhos de vento em actividade ou em condições de funcionarem. Instaladas nos rios e ribeiras, encontramos cerca de 20 azenhas, sendo estas em grande parte privadas.
Os moinhos de vento portugueses, de tipo mediterrânico, situados aqui, são geralmente compostos por uma estrutura cilíndrica construída em alvenaria de pedra, com uma cobertura cónica de madeira (denominada capelo) e um número variável de velas de pano. A sua estrutura é fixa e apenas o capelo sofre movimento para que as pás sejam orientadas para o vento.
O oficio do moleiro, por sua vez, é quase uma profissão extinta. Os que ainda sobrevivem para contar a história, de idade avançada, são muitas vezes herdeiros de uma tradição familiar, que parece ir terminar com eles. Uma herança que lhes transmitiu os conhecimentos práticos, não só no que se refere à moagem, mas também em relação ao funcionamento do moinho. Eram inúmeras as suas tarefas, desde deitar o grão na moega, ensacar a farinha, picar as mós, corrigir a orientação do mastro ou colher as velas quando o vento teima em soprar com mais velocidade, reparar a levada e a maquinaria avariada.
Acontecia muitas vezes, o moleiro não ser o proprietário do moinho, pois estes pertenciam muitas vezes a agricultores abastados que os arrendavam ao moleiro. O arrendamento do moinho era normalmente pago em espécie, neste caso em farinha. A situação mudou, e os moinhos pertencem quase todos a proprietários moleiros, sendo propriedade privada. Contudo em certas povoações podiam ser de tipo comunitário, e todos os vizinhos da aldeia tinham o direito de os utilizar. O moleiro ficava encarregue de andar pela freguesia com o seu burro a recolher as “taleigas” (sacos de pano) do milho e do trigo dos seus fregueses, transporta-lo até ao moinho e depois trazê-lo aos seus donos já em farinha.
Os moinhos deixaram de responder às exigências crescentes da indústria de moagem e hoje destacam-se como elementos representativos de uma valiosa herança da nossa tecnologia tradicional.
Um pouco de História leva-nos à primeira referência escrita sobre moinhos de vento na Europa, que surge no final do século XII, usados para bombagem de água e moagem. Com o aparecimento de novas tecnologias, os moinhos de vento foram caindo em desuso.
Em Penacova, recentemente alguns destes moinhos têm vindo a ser recuperados para habitações particulares ou como ponto de interesse turístico. Adaptados para o turismo rural, mantiveram-se intactas as características exteriores e dotou-se o interior de todo o conforto, tornando o espaço, embora pequeno, bastante acolhedor, nomeadamente na Serra da Atalhada.
Na Portela de Oliveira ainda há muito trabalho para fazer. Com uma vista paradisíaca tanto de dia como de noite, cativa-nos aquele recanto sobre uma das vistas de Penacova. Faz falta ali algum investimento Turístico, e o pouco que ali perdura, agradece-se ao Sr. Manuel Baptista e à D. Carla Favas ( Habitantes e exploradores da Cafetaria ) que têm feito investimento próprio.
Esperamos que assim continue a "toda a vela" para que em breve vejamos os Moinhos de Penacova totalmente restaurados conjuntamente com o comércio local, a fim de promover, ainda mais o Turismo da Região.
Sónia Baptista