POR UM DIA… Combatentes do Concelho de Penacova «aquartelados» no Vimieiro
A Associação de Combatentes do Concelho de
Penacova esteve «aquartelada», por um dia, na Praia Fluvial de Vimieiro,
freguesia de S. Pedro de Alva. É um retiro maravilhoso, cujo processo de
requalificação se iniciou na década de 90, quando o actual presidente da
Associação, Alfredo Fonseca, era presidente da Junta de Freguesia. Foi um
processo moroso, mas que valeu a pena, pois aquele espaço passou a constituir
uma vertente turística de muita importância para a freguesia de S. Pedro de Alva
e para o concelho de Penacova, tendo a emoldurá-lo o pequeno casario dos
moleiros, todo recuperado, onde a roda é também um ex-libris do local e do Rio
Alva.
E foi neste cenário magnífico,
sob as copas dos amieiros frondosos, tendo a beijá-los as águas do Rio Alva,
que os Combatentes do concelho, com familiares, num total de 140 pessoas, saborearam
não só a amizade que existe entre uns e outros, como a refeição que foi
preparada pelo Novo Talho Confiança, de Penacova, bem cozinhada e condimentada,
não faltando o bom vinho e a presença do presidente da Câmara, Dr. Humberto
Oliveira, não fosse ele filho de um combatente da Guiné, José Maria Oliveira,
que ali foi ferido, mas que nestas operações, como disse Alfredo Fonseca «sem
minas nem emboscadas, nem disputas de território» a amizade prevalece,
«porque não existe o inimigo escondido no mato».
A nova bandeira e o pedido de monumento
Neste convívio foi
apresentado o novo estandarte da Associação. Ao centro as insígnias do concelho
de Penacova e nas quatro partes esquarteladas estão desenhadas as possessões
portuguesas por onde andaram os nossos briosos soldados, uma geração que já faz
história e que continuará a fazê-la no futuro, tal qual fez a época dos
Descobrimentos. A cor vermelha significa o sangue derramado pelos militares
portugueses, muitos dos quais do concelho de Penacova; a cor verde exemplifica
a selva africana; e a cor branca, significa a paz. Não invalida, porém, que
venha a fazer-se outra bandeira, bordada, de cerimónia, com o intuito de
participar em eventos onde a Associação seja convidada.
Ao mesmo tempo, o
presidente da Associação deixou já alguns pormenores quanto ao esboço que
existe sobre a implementação de um monumento. Três orçamentos foram apresentados:
a construção em bronze, «mas que se corria o risco de algum dia só lá se
encontraria o sítio dela»; em granito, cujo orçamento ficaria em 11.500 euros;
e outra solução, que será em betão com armação de ferro no seu interior,
pintada de camuflado, cujo preço ficaria em 5.800 euros, mais IVA.
Este monumento, que
terá o apoio da Câmara Municipal, embora a Lei dos Compromissos tolha agora um
pouco os movimentos financeiros dos presidentes, como afirmou o Dr. Humberto
Oliveira, foi apresentado como local da sua implantação, junto à ponte, próximo
do Largo D. Amélia.
Um a menos… e novo convívio em Setembro
Alfredo Fonseca, além
de se referir às presenças dos «alferes-milicianos» Dr. Joaquim Leitão Couto e
Dr. Joaquim Manuel Sales Guedes Leitão, do «furriel-miliciano» José Fernando
Madeira dos Santos, e dos restantes companheiros e amigos, referiu-se também aos
comandantes civis, que eram os presidentes da Câmara e das Juntas de Freguesia
de S. Pedro de Alva, Travanca do Mondego e S. Paio do Mondego. Lamentou, no
entanto, que entre as presenças já não fazia parte já o camarada Edmar Silva
Carpinteiro, natural e residente na Aveleira, freguesia de Lorvão, sendo a
primeira baixa, em tempo de paz, «nesta nobre família», em memória da qual
pediu um minuto de silêncio.
Alfredo Fonseca deixou
alguns recados quanto à entrega ou envio de fotografias para colocar nos novos
cartões de associado e o pedido de angariação de novos sócios e informou que o
próximo convívio se realiza no dia 30 de Setembro, provavelmente num
restaurante da freguesia de Penacova, a fim de «aumentar cada vez mais esta
família, acordando os mais apáticos ou indiferentes que ainda não aderiram a
este movimento, que fazia falta no concelho de Penacova».
«Que seja criada uma verdadeira União de Associações de
Combatentes de Portugal»
Considerando que é
importante a criação de uma verdadeira união de Associações de Combatentes de
Portugal, tendo em conta, como refere António Martins Coimbra, presidente da
assembleia-geral da Associação, «aos actos de grande sacrifício e heroicidade
que a uns tirou a vida e a outros permitiram que possam ainda hoje ser
testemunhas directas ou indirectas desses factos», citando que «ao contrário de
que alguns pretendem fazer crer, não fizemos a guerra pela guerra, nem aquilo
que nos traz aqui hoje evoca qualquer saudosismo desses momentos difíceis».
António Coimbra, lembrando o presidente da Câmara para não se esquecer do apoio
à construção do monumento, realçaria que estes convívios fortalecem a amizade
que foi «cimentada nas matas de África, nos sacrifícios e dores vividas longe
dos que nos eram queridos, alicerçada na franqueza, na lealdade e na honra».
«Temos que acreditar em nós próprios…»
Dr. Joaquim Leitão
Couto, um visiense que se ligou de alma e coração a Coimbra e Penacova, sendo
alferes-miliciano médico ortopedista em Nampula (Moçambique), evidenciaria a
alma do soldado português, a sua humildade e a sua bravura, afirmando que nós,
portugueses, somos diferentes, porque continuamos a manter boas relações contra
quem se lutou, e os combatentes são um exemplo para Portugal, mantendo a garra
de luta, pois «temos que acreditar em nós próprios».
«Nós
somos diferentes…»
O presidente da Junta
de Freguesia de S. Pedro de Alva, Luís Adelino, falando sobre os que sofreram
na carne as agruras desses tempos, que «honraram e defenderam os interesses de
uns e outros», a mando de uns tantos, anunciou que ainda recentemente esteve em
terras moçambicanas e sentiu o que são aquelas terras e reparou que os
portugueses deixaram ali bom nome.
«Lutaram
para que a nossa geração fosse melhor»
O Dr. Humberto
Oliveira, em nome do Município, enalteceu a forte amizade que existe entre a
Família Combatente, onde a fraternidade e a solidariedade são dons bem
cimentados, homens que deram o melhor de si na sua juventude, lutando para «que
a nossa geração fosse melhor». Elogiou a forma como Alfredo Fonseca conseguiu
juntar à volta de um ideal os seus camaradas Combatentes e sobre a construção
do monumento, afirmou que a Câmara não deixará de a apoiar, apesar da crise e
dos… Compromissos
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