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FURTO - Agente da PSP confessa falsificação de matrícula

Julgado em Penacova, polícia mostrou-se arrependido e recebeu apoio de superiores e colegas pela forma exemplar como se dedicou à profissão
O currículo de C. S., elemento da PSP há 22 anos, é irrepreensível, tendo grande experiência em inactivação de explosivos, chegando a chefiar uma equipa do Comando Distrital de Leiria, apesar da categoria de agente principal.
Contudo, no dia 10 de Dezembro de 2012, “borrou a pintura”, conduzindo um carro com a matrícula alterada, em Vila Nova de Poiares, com a intenção de furtar gasóleo na zona industrial, tendo fugido a uma patrulha da GNR, não obedecendo à ordem de paragem.
Os factos estão descritos na acusação do Ministério Público, que o arguido confessou
ontem, no Tribunal Judicial de Penacova, de forma «livre e integral », como referiu a juíza, antes de dispensar as testemunhas de acusação, os dois elementos da GNR que fizeram a intercepção. Na verdade, nessa madrugada (3h15), o arguido abandonou o carro e fugiu a pé, apresentando-se cerca das 6h00 no posto de Vila Nova de Poiares.
Tratando-se de um crime de falsificação de documento, o agente da PSP incorre numa pena de prisão até cinco anos, mas terá atenuantes, por ser primário, tendo a procuradora do Ministério Público defendido a condenação com pena suspensa.
Já o advogado de defesa, António Manuel Arnaut, apelou a uma pena de multa, considerando, por um lado, a admissão da culpa - desde a apresentação voluntária às autoridades até à sessão de julgamento de ontem – e, por outro, o arrependimento do arguido, que «interiorizou a sua culpa e tem estado a espiá-la». O causídico pediu a atenuação especial da pena, garantindo que, «pela prova produzida, não se pode falar em pena de prisão», levantando ainda a questão repercussão que a decisão judicial poderá ter na vida profissional do arguido, a braços com um processo disciplinar, suspensão e corte no salário, correndo o risco de vir a ser demitido.
Entre as testemunhas de defesa, um sub-intendente da PSP, ligado à inactivação de explosivos, em tempos superior do arguido, prescindiu da teleconferência e fez questão de se deslocar de Almada a Penacova, por achar «importante testemunhar pessoalmente», tendo lembrado que «toda a gente erra, de uma maneira ou de outra e ele fez uma parvoíce de todo o tamanho», disse. O oficial garantiu que «não tenho problemas em voltar a trabalhar com ele», elogiando a sua dedicação e capacidade técnica, especialmente na área dos dispositivos pirotécnicos, que, como disse, se trata de «um trabalho delicado e tecnicamente exigente».
Um outro oficial da mesma patente, foi superior de C. S. na mesma especialidade, no Comando Distrital de Leiria, mostrou mais reservas em voltar a chefiar o arguido, manifestando «grande desilusão», mas também enalteceu a sua «excepcional capacidade em termos técnicos» e «a preocupação em manter-se actualizado, garantindo ter por ele «a mais elevada consideração em termos profissionais». A sentença será conhecida na próxima semana.

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