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MINI-HÍDRICA - Entidades reunem-se em Poiares e prometem forte contestação

A publicação do novo Estudo de Impacte Ambiental (IEA) sobre a mini-hídrica do Mondego fez soar novamente o “alarme” entre as entidades que têm uma vivência intrínseca com o rio e motivou uma posição conjunta de repúdio sobre o projecto, que, muitos, pensavam estar já “arrumado numa gaveta”. Após a reunião de emergência realizada ontem em Poiares, entre representantes das câmaras municipais de Poiares e Penacova, da Plataforma Mondego Vivo e operadores turísticos do rio, Juntas de Freguesia de Arrifana, Lorvão e Torres do Mondego e do Grupo Desportivo Foz do Caneiro saiu a decisão de elaborar um documento conjunto contra o avanço do projecto e, se for caso disso, iniciar novas formas de luta contra a mini-hídrica do Mondego.

«Chegámos à conclusão de que não existem aspectos positivos, quer em termos ambientais e económicos, que viabilizem o avanço deste projecto », começou por sublinhar João Miguel Henriques. O presidente da Câmara de Poiares, que foi o anfitrião deste encontro, assumiu mesmo que agora «será redigido um documento conjunto de repúdio do projecto», porém, primeiro será necessário «compilar a informação de uma forma mais técnica e fundamentada», de forma que o manifesto «seja bem explícito e estruturado». O edil adiantou mesmo pensar que o projecto «estivesse definitivamente encerrado».

Paulo Silva, da Plataforma Mondego Vivo, afirma que este estudo, à semelhança do apresentado há cerca de um ano e meio pela Agência Portuguesa do Ambiente, continua a apontar «impactes negativos não minimizáveis e irreversíveis» para o rio Mondego. De acordo com as conclusões deste estudo, «o projecto do Aproveitamento Hidroeléctrico de Penacova e Poiares (AHPP) não apresenta alternativas, nomeadamente de localização, uma vez que esta é derivada do lote contratado, portanto, a única alternativa em termos de Avaliação de Impacte Ambiental é a sua não construção».

O mesmo documento afirma que «o projecto gera sobre a socioeconomia impactes negativos não minimizáveis e irreversíveis, classificados como muito significativos, resultando especialmente na inviabilização das descidas de rio em kayak e da eliminação de cerca de 35 postos de trabalho directos e afectando ainda outras actividades conexas, sobretudo na área da restauração e alojamento». O AHPP permite, segundo o estudo, a instalação de uma potência de 9 MW, e a produção de 22.3 GWh/ano de energia não dependente de combustíveis fósseis.

A 28 de Abril, último dia do prazo da discussão pública sobre a mini-hídrica do Mondego, a Agência Portuguesa do Ambiente será alvo «de uma forte contestação» por parte dos parceiros contra o avanço deste projecto, que agendaram para esse dia uma «posição pública» sobre a matéria. O local ainda não está escolhido, mas poderá ser na Câmara de Coimbra, entidade que também integra a Plataforma Mondego Vivo e que sempre se associou à luta contra o projecto. Aliás, foi precisamente em frente à autarquia de Coimbra que decorreu uma das principais acções contra a mini-hídrica, com Praça 8 de Maio a ser invadida por canoas 

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