AVELEIRA - Pai indignado por Câmara divulgar lista de dívidas
É a indignação de um pai e
o que diz ser «difamação» que o motiva a expor o seu caso e criticar uma
posição tomada pela Câmara de Penacova que, diz, terá mandado os educadores dos
jardins-de-infância e escolas do primeiro ciclo expor «nas vitrines das portas
e onde fosse visível as dívidas dos alunos à Câmara».
Quem o ordenou, Alberto
Almeida, pai de um aluno do jardim-de-infância da Aveleira, não sabe. Sabe sim
que foi contactado pela educadora do seu filho a alertar para esta situação, dizendo-lhe
que «uma funcionária da Câmara tinha pedido para expor num local bem visível as
dívidas dos pais de crianças da alimentação e apoio à família».
Contactada, a responsável
da escola em causa prefere não comentar a situação e remete esclarecimentos
para a Câmara Municipal. Numa outra escola do concelho, contudo, já se ouviu
falar no caso que se terá passado, pelo menos, em duas escolas, ainda que nesta,
porque não haverá “devedores”, não foi feito semelhante pedido.
“Devedor” é o que Alberto
Almeida diz não ser, garantindo que, no seu caso, por ter havido algum atraso
na atribuição do escalão, tem prazo até 30 de Janeiro para pagar. «Ainda estou dentro
do prazo», sublinha. «É grave, é uma vergonha autêntica», critica, lamentando que
são crianças que estão em causa, algumas das quais «têm na escola a única
refeição do dia». E garante que, tal como ele, outros pais estão a viver a mesma
situação.
«Mandei um mail ao
presidente da Câmara, que não respondeu. Hoje (ontem) liguei e atendeu a secretária que
me pediu desculpa e me disse já outras mães tinham ligado», conta, exigindo
«que a Câmara peça desculpa publicamente às pessoas».
Câmara só queria informar
O vice-presidente da
Câmara de Penacova admite a existência das listagens que foram tiradas no
início do segundo período e que foram enviadas para as escolas, mas garante que
nunca foi intenção da autarquia atingir ninguém, sendo esta, tão só, a forma
encontrada para fazer chegar a informação aos pais. João Azadinho lembra que a
Câmara tem, desde este ano lectivo, um novo sistema informático para gestão das
refeições, que permite «algumas funcionalidades», entre elas, saber quais são as
dívidas. «Decidimos, no segundo período, emitir uma listagem referente aos
valores em falta desde o início do ano lectivo», explica, frisando que nunca
esteve em causa deixar de dar as refeições aos alunos nem prejudicar os pais,
mas apenas «não deixar acumular dívidas». Mais, afirma também que as listagens
foram enviadas para as escolas que, com elas, agiriam da forma que achassem
melhor: afixação ou contacto directo com os pais.
«A grande maioria dos pais
veio pagar e não levantou questão nenhuma», explica, garantindo ainda que
ninguém mais se queixou da situação.
Escrito por Margarida Alvarinhas