ENSINO PROFISSIONAL - Escola Beira Aguieira com 3 meses de salários em atraso
Escola depende de verbas comunitárias,
cujos atrasos geram instabilidade. Primeiros ordenados foram pagos na semana
passada
Professores, formadores e pessoal não
docente da Escola Beira Aguieira (EBA) só no final da semana passada receberam os
ordenados de Setembro e Outubro. «Falta pagar Novembro e Dezembro», esclarece a
directora-geral daquele estabelecimento de ensino, contrariando a informação
avançada pelos organismos sindicais, que apontam para quatro salários em
atraso. Todavia, Teresa Ribeiro assegura que esta situação foi real até quinta-feira
da semana passada, altura em que a escola recebeu a primeira tranche de
financiamento, que permitiu liquidar os 27 ordenados, em atraso desde o início
do ano lectivo, de todos os funcionários, quer da escola-sede, em Mortágua, quer
do pólo de Penacova.
Uma situação «complicada» e
«desconfortável», considera da directora-geral da EBA, que «já se verificou no
ano passado», volta a repetir-se este ano e é transversal a todas as escolas
profissionais. A “culpa”, adianta, é do “sistema”, uma vez que as «candidaturas
financeiras » que todas as escolas têm de efectuar, no sentido de garantir o
respectivo orçamento e funcionalidade, «são efectuadas em Dezembro, quando o ano
lectivo começa em Setembro». Um hiato temporal que acaba por ditar uma série de
atrasos, com as primeiras verbas a chegarem quinta-feira da semana passada à
EBA e a permitirem pagar os primeiros dois meses de salários, faltando Novembro
e Dezembro. «Enquanto as candidaturas financeiras não forem submetidas a autorização
antes do início do ano lectivo a situação vai repetir-se», assegura a directora
geral da EBA, que tem um orçamento anual que ronda «um milhão de euros».
A situação levou os três sindicatos, dos
Professores da Região Centro, dos Trabalhadores do Comércio, Escritórios e
Serviços e dos Trabalhadores da Indústria de Hotelaria, Turismo, Restaurantes e
Similares do Centro, a marcar, no final da semana passada, uma greve de cinco
dias, «de 9 a 13 de Fevereiro», «caso os salários devidos não sejam pagos até
31 de Janeiro».
Uma paralisação que, a confirmar- se,
representa «quase duas semanas em que não temos execução física», ou seja, em
que a escola não funciona, pois estes dias “colam” com as férias do Carnaval,
faz notar Teresa Ribeiro, e vão ter impacto no «reembolso de Março», que «vai
ser menor», refere, explicando que as verbas correspondem ao volume de formação
prestado. Por isso, e independentemente da «legitimidade do direito à greve»,
sublinha que «não resolve nada», bem pelo contrário, «vai complicar ainda mais»,
uma vez que vai afectar os reembolsos. «Este ano vai ser como no ano passado.
Temos verbas aprovadas e se não vêm mais cedo, vêm mais tarde», diz a directora,
defendendo que a solução passa por «estar tudo aprovado antes de começar o ano
lectivo», ou seja, promover uma agilização do sistema que, em rigor, «não está a
funcionar». Isso permitiria, também, que, ao invés de receber agora, como
aconteceu, 15% de adiantamento, esta verba chegasse à escola «no início do ano
lectivo».
Escrito por Manuela Ventura