GREVE faz parar Escola Beira Aguieira

Paralização em Mortágua e Penacova juntou sindicatos dos Professores, Comércio e Serviços e Hotelaria, Turismo e Restauração e prolonga-se até sexta-feira


A quase totalidade dos trabalhadores da Escola Profissional Beira Aguieira, que tem sede em Mortágua e um polo em Penacova, está desde ontem em greve devido ao atraso no pagamento de salários. «De cerca de 40 trabalhadores, foram trabalhar dois ou três. Não há aulas nem em Mortágua, nem em Penacova», referiu Francisco Almeida, dirigente do Sindicato dos Professores da Região Centro, um dos três que convocaram a greve de cinco dias.

Em causa estão três meses de salários em atraso numa instituição que ministra cursos profissionais desde os anos 90 e tem cerca de 150 alunos.

Os trabalhadores estiveram ontem de manhã concentrados à porta da escola e depois deslocaram-se à vila de Mortágua para entregarem um documento à população a explicar o que se está a passar. Segundo Francisco Almeida, estão agendadas para a sexta-feira (último dia de greve) reuniões na Assembleia da República com os grupos parlamentares do PCP, CDS e BE, devendo até lá ser também marcadas com os restantes partidos.

O sindicalista considerou que a situação é muito preocupante, porque «agora são três salários em atraso, mas há 15 dias eram cinco». «Em março, vão ser outra vez cinco. A escola diz que só volta a pagar em Março. E não diz se paga um mês ou dois», lamentou, contando que os trabalhadores vivem «situações dramáticas ».

Francisco Almeida exemplificou com o caso de pessoas que têm de se deslocar diariamente de Coimbra para Mortágua para dar aulas, tendo de suportar as despesas inerentes, sem receber salário. Outras «dão aulas de manhã em Mortágua e à tarde em Penacova e também se deslocam sem receber um cêntimo».

A direcção da escola, numa nota enviada aos órgãos de comunicação social, reconhece que «a escola está a atravessar um período de grave estrangulamento financeiro, que de todos é conhecido, motivado essencialmente pelo atraso no financiamento». Recorda que o «adiantamento de 2014» só foi recebido em 2015 e «de imediato absorvido no reembolso, significando que, na prática, não houve adiantamento». Uma situação que, diz ainda a escola, é «recorrente desde há pelos menos três anos» e «provoca uma incapacidade de tesouraria, da qual todo os funcionários foram previamente informados».

A EBA reitera a sua «firme e convicta confiança na continuidade do projecto formativo » da escola profissional, «para a qual tem uma estratégia e respectivo cronograma definidos», que são, enfatiza, «do conhecimento dos funcionários, do Sindicato dos Professores, do Ministério da Educação».

Considerando que a «greve é um direito que lhes assiste», a direcção da escola não deixa, todavia, num «exercício de direito à opinião», salvaguarda, de considerar que «esta greve prejudica a instituição», uma vez que daí resulta uma «menor execução pedagógica, que representa a consequente diminuição do valor do próximo reembolso». Sublinha ainda que «prejudica os alunos, que estão na escola para terem a sua formação», da qual ficam «privados», «prejudica os funcionários, que deixarão de receber uma semana do seu salário » e, conclui, «não acelera rigorosamente em nada a solução do problema». «A quem serve uma greve de cinco dias?», questiona ainda a direcção da EBA.´

Fonte diariocoimbra.pt