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HOMICIDAS de Penacova já foram acusados pela morte do casal de ourives

“Chico ourives” recebeu um tiro na nuca e acabou morto a pancadas de uma “moca”. A companheira, Maria Amélia Pedroso de Lima teve sorte igual e ainda foi estrangulada.


Está revestido de descrições de grande violência o relato do Ministério Público acerca do assassinato de Francisco Manuel de Oliveira Neto, o “Chico ourives” e da sua companheira, Maria Amélia Pedroso de Lima, no dia 25 de Junho do ano passado, em Foz de Arouce.

A acusação agora deduzida refere o planeamento, após a um assalto à casa desabitada do pai do ourives, «total frieza de ânimo e insensibilidade, com total desvalor pela vida humana, tanto mais que se tratava de pessoas que os mesmos (arguidos) conheciam».

Os presumíveis autores, como foi amplamente noticiado, serão dois homens do concelho de Penacova - ambos em preventiva em Aveiro - um de 31 anos, residente na localidade de Ribela, e outro, de 23 anos, de Riba de Baixo.

Os cúmplices apontados são as companheiras de ambos, uma de 25 anos, residente em Olho Marinho (Poiares), e outras, de 23, que mora na Cheira.

A proximidade da mais velha com a vítima, uma vez que frequentava feiras com a sua mãe, terá sido o clique que levou à decisão de assaltar a carrinha onde “Chico ourives” transportava o ouro.

Isso mesmo levou a um assalto à casa do pai, já falecido, também em Foz de Arouce, algures entre meados de Janeiro e 4 de Fevereiro, de onde foram subtraídos valores em ouro, mas, principalmente uma pistola 6,35 mm, que serviria para tentar matar a vítima no dia dos homicídios.

Defende o Ministério Público da Lousã que, «como o assalto correu bem», e logo aqui começaram a comprar automóveis, voltou a ideia de “atacar” a carrinha.

Depois de uma semana de vigilância pelas mulheres, especialmente a de Poiares, o assalto realizou-se no dia 25 de Junho, pelas 6h00, e as intenções não poderiam ser mais claras.

Depois de alguma espera, quando o ourives abriu a porta da garagem e se debruçou para dentro da viatura, o arguido mais velho, ter-lhe-á apontado a arma à nuca e disparado. A bala ficou alojada no osso e o homem debateu-se, mas acabou morto a pancadas de uma moca, que nunca foi encontrada, na cara e na cabeça.

A companheira, quando foi ver as causas do barulho, seria arrastada para a garagem e também ela atingida, já depois de uma tentativa de estrangulamento com um fio eléctrico e com fio de nylon.

A frieza está parente no facto de, após ter começado a tocar o alarme, os dois terem saído, regressando “calmamente” depois, para verificar que as vítimas estavam mortas para completarem o saque.

Trata-se de mais de 150 milhares de euros em ouro e prata, vendidos em grande parte ao quinto arguido, um comerciante de 63 anos, de Ceira e estabelecimento na Baixa de Coimbra, acusado de receptação.

Vários quilos de ouro e também outras quantidades de prata, em valores superiores a 70 mil euros acabariam apreendidos nas buscas domiciliárias, sendo de referir, por exemplo que, ao fundo do quintal da casa do arguido de Ribela, estavam enterrados praticamente três quilos de ouro, avaliados em cerca de 65 mil euros. Na sequência do assalto com homicídio, os arguidos dividiram o ouro e dinheiro entre si e acabariam por afundar a carrinha na barragem das Fronhas, passando «a viver faustosamente nos meses que se seguiram».

Aliás, nos dias seguintes, os dois homens e a mulher de Poiares, «foram de férias para o Algarve, levando dois amigos como convidados», e aí, realizaram «gastos desmesurados», sendo que, posteriormente continuou a “orgia” de despesas continuou, com a compra de telemóveis e computadores, mas, principalmente, de automóveis, registados depois em nome de familiares.

Os dois homens estão acusados, em co-autoria, de dois crimes de homicídio qualificado, um de furto qualificado, outro de roubo agravado, dois de detenção de arma proibida, e dois de branqueamento. Roubo agravado é a acusação que pesa sobre as duas mulheres, sendo que a mais velha ainda é acusada de branqueamento.