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OPINIÃO - Tudo tem um porquê…

Ninguém envelhece da mesma forma. O envelhecimento é um processo assimétrico com expressão própria em cada indivíduo. Alguns parecem velhos aos 50, outros esbanjam vitalidade aos 80.

Com o passar dos anos, a nossa aparência e a função do corpo refletem a ação do processo de envelhecimento que é comum a todos, e também marcas da vida. Cada um tem uma história para contar, ocorrida em diversos ambientes sociais, culturais, históricos e económicos. O que somos hoje reflete também decisões tomadas no passado, portas que abrimos e outras tantas que fechamos.

No meu interesse por questões do envelhecimento e do saber envelhecer com qualidade, apetece-me hoje partilhar convosco que o amor na terceira idade é sem dúvida o resultado da conquista diária ao longo da vida entre dois seres humanos. Tenho na minha experiência profissional vivido momentos únicos e indiscritíveis de amor sublime, incondicional entre os mais velhos….Questiono-me como é que pessoas de 70, 80, 90 anos possuem grandes histórias de amor? Será que não tiveram problemas? Como conseguem continuar a amar de forma tão dedicada e tão autêntica? 

Nestes dias, encontrei um casal, ambos de 92 anos de idade, dependentes que conheço e que me conhecem bem desde o berço e fiquei absolutamente fascinada com o amor que dedicam um ao outro de forma tão expressiva, continuando a viver um grande amor casados à muitos e muitos anos… Creio que ao longo do tempo souberam transformar a grande loucura amorosa do começo em doçura, em gratidão, em lucidez, em confiança, em felicidade por estarem juntos. Também este grande amor sobrevive naturalmente da cumplicidade, fidelidade, humor e da intimidade do corpo e da alma que os acompanhou ao longo da vida…mesmo com tanta idade, observei a alegria leve e simples nas palavras e nos gestos e acredito que um amor tão grande só pode ter sido alimentado do que é bom, das lembranças agradáveis e tocantes, ficando as mágoas e memórias ruins num saco fechado. Sim, porque este casal viveu com adversidades próprias da vida como outros casais mas soube com resiliência, amar sempre com intensidade, tornando a vida mais leve e feliz na última etapa do ciclo de vida. 

Senti e refleti que um amor para a vida não é só nos contos de fadas e nas novelas…

É uma verdade que tenho tido o grato privilégio de observar que o amor existe e perdura ao longo da vida e que há casais felizes com um amor que não cessa de se fortalecer, de se aprofundar e de se expandir. São estes exemplos de amor que devem servir de motivação às gerações mais novas para enfrentarem as tempestades que se deparam, transportando sorrisos e amando neste barco da vida.Tenho dito.

Rosário Pimentel