CIÊNCIA VIVA - O céu de Janeiro de 2016
O
arranque mais um ano de efemérides astronómicas é marcado pelo quarto minguante
na madrugada de dia 2. Neste dia o nosso satélite natural encontra-se no seu
apogeu, o ponto da sua orbita mais afastado de Terra.
Em
contrapartida perto do final desse dia a Terra atinge o seu periélio: o ponto
da sua orbita mais próxima do Sol. Apesar disso, como nesta altura do ano o
hemisfério Norte não está virado para o Sol, nesta parte do globo os dias são
mais curtos do que aquando do afélio (ponto da orbita terrestre mais próxima do
Sol), altura em que tal acontece. Deste modo em Portugal o periélio ocorre no
inverno.
Na
noite de dia 3 para 4 terá lugar o pico de atividade das Quarantidas. Em
condições ideais esta chuva de estrelas permite observar algumas dezenas de
meteoros por hora, os quais parecem surgir de uma parte do céu (o radiante) que
pertence hoje em dia à constelação do Boieiro. Esta chuva de meteoros deve o
seu nome à constelação Quadrans Muralis,
atualmente fora de uso, que ocupava essa mesma região do céu.
De
notar que a melhor maneira de observar os meteoros é olhando para uma parte
escura do céu que se situe a cerca de 90° do radiante, e não diretamente para o
radiante.
Ao
longo de todo o mês podemos ver como Vénus se vai deslocando aos poucos para
leste, ultrapassando Saturno no dia 9. Junto a eles iremos encontrar uma
estrela que pela sua cor e posição é conhecida como o coração da constelação do
Escorpião: Antares.
Na
madrugada de dia 10 a Lua apresentar-se-á na direção do Sol dando lugar à Lua
Nova. Já ao final desse dia a Lua ter-se-á deslocado até ao pé de Mercúrio, que
por estes dias está numa direção muito próxima da do Sol. Assim este planeta
apenas será visível no último terço do mês, altura em que irá nascer pouco antes
do amanhecer.
O
quarto crescente terá lugar na noite de dia 16. Por esta altura a Lua
encontra-se na constelação dos Peixes. Na madrugada de dia 20 o nosso satélite
já terá chegado ao pé da estrela Aldebarã, o olho da constelação do Touro,
chegando mesmo a ocultá-la. Infelizmente esta ocultação lunar apenas será
visível na Região Autónoma dos Açores (por volta da 3 horas e meia da
madrugada).
Por
seu turno a Lua Cheia terá lugar na madrugada de dia 24 junto à constelação do
Caranguejo.
Na
última semana do mês podemos apreciar como a Lua se vai deslocando desde a
proximidade da estrela Régulo na madrugada de dia 26; passando por Júpiter na
madrugada de dia 28, até à vizinhança estrela Spica da constelação da Virgem na
madrugada de dia 30.
Boas
observações!
Fernando
J.G. Pinheiro (CITEUC)
Ciência
na Imprensa Regional – Ciência Viva
Figura
1: Radiante da chuva de meteoros das Quarantidas pelas seis horas e meia da
madrugada de dia 4. Igualmente são visíveis a Lua, Vénus, Saturno, Marte e
algumas estrelas e constelações mais brilhantes. Também é indicada a posição da
Lua nas madrugadas de dia 3 e 5 e de Vénus no dia 15.
Figura
2: Céu a Sul pelas seis horas e meia da madrugada de dia 26. Igualmente é
indicada a posição da Lua nos dias 28 e 30.