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TEATRO - O "belo lápis azul" pelo Grupo Loucomotiva no Auditório Municipal


O que é que o melhor encenador e o melhor ator de teatro podem querer mais a seguir ao seu mais recente e aclamado sucesso? Encontrar a peça perfeita para se poderem retirar e acabar com a pressão que lhes é imposta pelo meio artístico, uma vez que não se conseguem livrar dos êxitos de bilheteira. Como fazer isso? Contrariando o que sempre fizeram e procurando um texto que seja tão mau que ninguém queira nunca mais ver nada deles.

Para ser realmente mau não há que enganar, basta um texto mau, aliás, péssimo, mas que por isso se torna bom. Um espetáculo planeado para falhar onde a temática aborda a censura e o Estado Novo de forma elogiosa, o que para todos os efeitos seria mau... mas que, ao que parece, aqui é deveras bom. Mas bom de bom? Claro que não, bom de mau, o que faz de O belo lápis azul uma peça horrível, mas um horrível daqueles que até é bom.

O "lápis azul" foi o símbolo da censura e da época da ditadura portuguesa do século XX. Os censores do Estado Novo usavam um lápis de cor azul nos cortes de qualquer texto, imagem ou desenho a publicar na imprensa. Para proteger a ditadura, os cortes eram justificados como meio de impedir e limitar as tentativas de subversão e difamação.

Desde o Golpe Militar de 28 de maio de 1926 aos regimes de Oliveira Salazar e Marcello Caetano, o "lápis azul" servia para os censores decidirem o que devia ser noticiado ou divulgado. 

A 22 de junho de 1926 é instituída a Comissão da Censura, passando os jornais a serem obrigados a enviar a esta comissão quatro provas de página e a não deixarem em branco o espaço das notícias censuradas. Em 1933, a Constituição Portuguesa institui legalmente a Censura, que permanece até à Revolução dos Cravos, a 25 de abril de 1974.

Até setembro de 1968, no governo de António de Oliveira Salazar, é a designada Comissão da Censura a responsável pelo "lápis azul". Durante o governo de Marcello Caetano esta comissão passa a chamar-se Comissão do Exame Prévio, mas, na prática, mantém o mesmo lápis com o mesmo sentido censório.

De Jorge Geraldo, com encenação de Alexandre Oliveira e Luís de Melo, interpretação de Luís de Melo, Alexandre Oliveira, Paulo Azevedo, Inês Barreto, Tiago Santos, Ana Luísa Durão, Clara Silva Carvalho, Nádia Matos, Coro de Movimento de Catarina Castelo Branco, Cristina Damas, Liliana Antunes, Laura Providência e coreografias de Alexandre Oliveira

Cenografia de Loucomotiva

Figurinos de Conceição Figueiredo, desenho de Luz de Paulo Gaitas e sonoplastia de Luís Melo

Comédia | 70 min

M/12 Anos

Dia: 09.04.2016

Horário: 21h30

Local: Auditório Municipal de Penacova

Bilhete: 3 euros