CIÊNCIA | Equipa de Investigadores de Coimbra descobre origem das células estaminais sanguíneas
Uma equipa de investigadores
do Centro de Neurociências e Biologia Celular (CNC) da Universidade de Coimbra
(UC) descobriu as células precursoras
que dão origem às células estaminais do sangue (CES) durante o desenvolvimento embrionário e como podem dar origem a todos
os tipos celulares sanguíneos.
A obtenção de CES compatíveis com as características de
cada pessoa é crucial na transplantação celular em casos de doença grave como o
cancro do sangue. A identificação de precursores de CES em ratinhos abre o caminho
para os desvendar em humanos no futuro, contribuindo para o desenvolvimento da
medicina regenerativa.
Filipe Pereira, coordenador
do estudo do CNC, sublinha que «as
células precursoras das CES, localizadas no tecido embrionário e na placenta, foram
identificadas em ratinhos através de “marcadores” nas células, “etiquetas” que
nos permitem mapear e descrever o seu comportamento. A descoberta procura dar
resposta a um desafio de longa data da hematologia, ramo científico que estuda
o sangue.»
O grupo do CNC criou
igualmente um método original que atribui às células precursoras as já
conhecidas propriedades das CES: autorrenovação e multipotencialidade, o que
permite dar origem a todos os tipos celulares sanguíneos.
A investigação resulta de um
trabalho de três anos e foi agora publicada na Developmental Cell, uma das
revistas científicas internacionais com mais impacto na área da biologia do
desenvolvimento.
Esta descoberta surge na
sequência de um anterior estudo realizado pela equipa, em 2013, na “conversão”
de células da pele em CES, através de reprogramação celular. As “etiquetas” das
células foram originalmente identificadas durante aquele processo de
reprogramação, as quais permitiram identificar precursores em embriões e
placentas. Posteriormente foi desenvolvido um método para provocar a maturação
destes precursores que origina as CES.
«Além de providenciar uma nova fonte potencial de CES, os resultados
obtidos podem levar ao desenvolvimento de métodos mais eficazes para aumentar
as CES do cordão umbilical e da medula óssea, de modo a que as transplantações
tenham mais sucesso. Adicionalmente, o nosso estudo fornece informação preciosa
para melhorar a “criação” de CES a partir de fontes alternativas como as
células da pele ou células estaminais embrionárias», esclarece o
investigador.
A investigação foi realizada
em colaboração com o Ichan School of Medicine at Mount Sinai, em Nova Iorque,
nos Estados Unidos, e o Weatherall Institute of Medicine da Universidade de
Oxford, no Reino Unido, e beneficiou de apoios dos norte-americanos National
Institutes of Health e Revson Foundation em Nova Iorque.
Cristina Pinto - Universidade de Coimbra