RIO MONDEGO - Projeto para monitorizar cheias foi ontem apresentado no Museu da Água
O primeiro
protótipo de cinco sensores que se destinam a monitorizar as cheias do rio Mondego
e seus afluentes já se encontra instalado junto ao Museu da Água, em Coimbra.
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Os mentores do projecto com Ferreira Nunes da empresa Municipal Águas de Coimbra |
Outros quatro
sensores serão colocados até final do ano no Açude-Ponte de Coimbra, nas barragens
da Aguieira/Raiva e nos rios Ceira e Alva, anunciou Rui Sousa, que desenvolveu
o projecto em conjunto com Tiago Custódio e Cristiano Alves, todos alunos do
Departamento de Engenharia Electrotécnica da Faculdade de Ciências e Tecnologia
da Universidade de Coimbra, tendo contado com a colaboração do Vodafone Power
Lab (programa de incentivo à inovação e empreendedorismo) e da empresa Águas de
Coimbra.
Conforme foi
explicado na apresentação do projecto denominado “Rio Mondego”, que decorreu
ontem no Museu da Água, no Parque da Cidade, a solução utiliza a rede de dados móvel
da Vodafone, permitindo monitorizar o caudal do rio e enviar, em tempo real,
informação sobre o nível das águas e as suas flutuações. A leitura é feita com
recurso a um sensor ultrassónico, equivalente à tecnologia usada nos sensores
de estacionamento dos automóveis.
Com base nos
dados recebidos, o comportamento do rio é analisado através de inteligência artificial
e à medida que se vai acumulando informação sobre o nível das águas torna-se mais
fácil prever com antecedência a probabilidade de cheias, bem como identificar os
factores que mais influenciam a sua ocorrência.
Segundo Rui
Sousa, o projecto também visa chamar a atenção das populações para o uso
sustentável da água. Isto porque outra das suas vertentes é a possibilidade de
monitorização de reservatórios de água, albufeiras e barragens, prevenindo,
assim, situações de seca.
O aluno de
Engenharia Electrotécnica explicou que a ideia de desenvolver o projecto surgiu
durante as cheias de 2016. «Estávamos na esplanada das “Docas”, no Parque
Verde, e pensámos se não haveria uma solução para prevenir as cheias», recordou
Rui Sousa, frisando que a ideia é que a informação seja de fácil leitura e acessível
a qualquer pessoa. Por isso, os cidadãos poderão ter acesso àquela informação, por
exemplo num mostrador (“display”) que será colocado no Museu da Água.
O estudante
salientou, por outro lado, que não lhes cabe emitir avisos de alertas de cheias,
pois isso será sempre responsabilidade dos serviços de Protecção Civil e das
forças de segurança.
O sensor
colocado no rio Mondego custou 200 euros e o investimento em todo o sistema deverá
rondar entre 12 e 15 mil euros, esclareceu Rui Sousa, adiantando que o projecto
poderá ser aplicado em países com problemas similares, como a Índia ou o
Brasil.
Na
apresentação esteve também presente José Ferreira Nunes, administrador da
empresa Águas de Coimbra.
José João Ribeiro – Diário de Coimbra