PROTESTO - Motociclistas contestam medidas do Governo
Os motociclistas saíram
ontem à rua, em diversas cidades do país, para contestar a implementação das
inspecções periódicas obrigatórias (IPO) das motos e a revisão da lei que,
desde 2009, permite a quem tem carta de automóvel, e mais de 25 anos, conduzir
motociclos de 125 cc (centímetros cúbicos). Numa acção dinamizada pelo Grupo
Acção Motociclista (GAM), reuniram-se em Coimbra, na Praça da República, mais
de 600 motociclistas, que juntam as vozes para contrariar as declarações do
ministro da Administração Interna Eduardo Cabrita, na associação entre motos,
sinistralidade e mortes na estrada.
Em manifesto, os
motociclistas dizem que tais declarações «tentam
ludibriar a opinião pública, no sentido de impor regras descabidas e mesmo
contrárias à legislação europeia».
O Grupo Acção Motociclista
desmente, de resto, o ministro da Administração Interna revelando que «numa altura em que há um aumento
exponencial de motos a circular», o número de mortes e feridos graves tem,
ainda assim, «vindo a baixar sistematicamente». Quanto ao «aumento pontual» de vítimas em 2017, o grupo justifica não só com
um maior número de motos na estrada mas também com o maior número de
quilómetros percorridos, fruto de um ano de calor e praticamente sem chuva.
Estradas
e sinalização na origem de acidentes
«Não podemos aceitar que o número de vítimas nas estradas seja usado
como justificação para nos taxar», disse José Valença ao jornal,
lembrando estudos que apontam que «99,7%
dos acidentes ocorrem não por culpa da moto, mas por causa do mau estado do
piso e da má sinalização». Jorge Manuel, que veio de Castelo Branco para a
manifestação de ontem, apelou ao investimento nas estradas em vez da «caça à
multa» aos motociclistas.
Partindo do princípio que os
motociclistas, particularmente os que têm motos acima das 125 cc, zelam pela
sua própria segurança e bom estado das motos, o GAM não encontra «mais valias efectivas na inspecção
obrigatória às motos». Considera que a medida «não vai alterar em nada os
números da sinistralidade» e apenas «se centra no incremento de receitas».
«Se forem cerca de 400 mil as motos no país, a pagar 12,5 euros mais IVA
cada uma na inspecção, é fazer as contas», disse Sílvio Morgado,
sublinhando que «os centros de inspecção
não dão garantias de segurança a ver travões, pneus e luzes» e que «o fundo de
tudo isto é negócio».
Motos
“melhoram mobilidade citadina”
Com a lei 78/2009, houve um
número significativo de automobilistas que passaram a usar motos 125 cc, mais
económicas e de uso sobretudo citadino. O GAM lembra que a lei deriva de uma
directiva comunitária adoptada por vários países da Europa e com bons
resultados em mobilidade, gestão de espaços, economia e redução de poluição. Os
motociclistas esperam que a lei não seja alterada, caso contrário muitos
ver-se-ão obrigados a ficar com as motos na garagem
Andrea Trindade –
Diário de Coimbra
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