REGIÃO CENTRO - Projeto “Noite Saudável” já tem a adesão de 21 municípios
Mobilizar a comunidade
juvenil para a adoção de comportamentos mais saudáveis nos estabelecimentos de
diversão noturna é um dos objetivos do projeto “Noite Saudável das Cidades do Centro de Portugal” que ontem foi
apresentado na Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Centro
(CCDRC).
A iniciativa conjunta do
Instituto Europeu para o Estudo dos Fatores de Risco (IREFREA Portugal), CCDRC
e Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra (CHUC) é financiado pela União
Europeia, através do programa operacional Centro 2020 e envolve 21 municípios e
outras entidades da região.
Para Ana Abrunhosa,
presidente da CCDRC, “a componente de
cidadania e de formação, prevenção e capacitação dos nossos jovens” foi
fundamental para o acolhimento do projeto por esta entidade. Em declarações aos
jornalistas, a responsável reconheceu que, ao aceitar esta parceria, a CCDRC
está “a inovar, pois para além dos
resultados queremos, principalmente, envolver a comunidade”. “É um projeto de rede com a comunidade
escolar, o setor da saúde, a área da segurança, as famílias e os jovens”,
disse Ana Abrunhosa, esperando contar em breve com representantes das empresas
de diversão noturna.
Um dos responsáveis é João
Redondo. O coordenador do projeto e do Centro de Prevenção e Tratamento do
Trauma Psicogénico do Centro de Responsabilidade Integrado de Psiquiatria do
CHUC referiu que o projeto irá ser agora apresentado às 21 autarquias da região
que já aderiram — e que foram denominadas de “clusters” do projeto — de forma a
“avaliar necessidades, saber o que já
foi feito nesta matéria”. “O projeto
assenta na capacitação de profissionais e criação de redes, na sua essência”,
frisou o psiquiatra. Estas redes, como explicou, “são o garante da sustentabilidade do projeto”. De tal forma que,
de acordo com Ana Abrunhosa, “estão
reunidas as condições para termos um projeto de referência nacional”.
Avaliadores
e consultores
“Noite Saudável” irá ser implementado no terreno pelo Instituto
Europeu para o Estudo dos Fatores de Risco em Crianças e Adolescentes
(IREFREA). O presidente Fernando Mendes esteve presente na sessão, tendo
afirmado que estão reunidas as condições para a obtenção de resultados
positivos nos próximos três anos.
Para ajudar as diversas
entidades que assumiram o desenvolvimento deste projeto, foi criado um grupo de
avaliadores constituído por Irma Brito, João Pedro Pimentel e Madalena Alarcão
e um grupo de consultores nacionais (António Reis Marques, Constantino
Sacklarides, Elza Pais e Paula Santana) e internacionais (Amador calafat, Marco
Bellis e Paolo Stocco). Ao mesmo tempo, será criado um Conselho de Jovens e um
Observatório e realizado um Fórum para debater esta questão.
O encerramento da sessão
contou com a presença da secretária de Estado para a Cidadania e Igualdade. Rosa
Monteiro mostrou a sua preocupação com a violência contra as jovens nas festas
académicas, ao mesmo tempo que apelou ao envolvimento das associações de
estudantes na prevenção destes comportamentos. “Não podemos aceitar esta banalização da violência contra as raparigas”,
um pouco em todo o país, especialmente nas “Queimas das Fitas” e outras festas de estudantes do ensino
superior, disse a governante.
Na sua opinião, importa “perceber como estas situações devem ser
evitadas”, o que a levou a promover, na passada semana, uma reunião com
dirigentes das associações académicas de Portugal. No entanto, o que se
pretendia que fosse “uma reflexão
conjunta” sobre estes problemas, os responsáveis verificaram que “há uma grande normalização e tolerância do
assédio” contras as estudantes e demais raparigas que participam “nestas noites académicas”.
Os índices da sinistralidade
rodoviária entre jovens, sobretudo do sexo masculino, frequentemente associada
às vivências da noite, incluindo com consumo de álcool e drogas, foram outra
das preocupações assumidas pela secretária de Estado. E deixou um desafio: “é preciso passar à ação de forma urgente e
articulada”.
António
Alves – Diário As Beiras
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