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OPINIÃO - Lorvão: turismo ou saúde?


Devo dizer aos meus conterrâneos, primeiramente, que eu pertenço – de alma e coração – ao Movimento + Saúde para o Hospital e, como tal, tenho defendido a solução hospitalar para o espaço sobrante do Mosteiro do Lorvão (espaço religioso).

Ao mesmo tempo, eu sou o titular actual do cargo de Presidente da Associação das Confrarias da Rota de Cister.

E fico muito preocupado que, num concelho pobre como o nosso, se possa admitir pensar-se em “luxo alto” antes de se pensar saúde, como direito do Povo; é, pura e simplesmente, uma aberração absoluta; uma notória incapacidade de posicionamento.

Sabemos do interesse sistemático da política em acenar com “filões de ouro” aos incautos...enquanto não cumpre, vergonhosamente, junto dos mesmos  e seus representantes com os compromissos mínimos assumidos, como sejam, na nossa zona, resolver os problemas das intempéries: incêndio e tempestade; e do IP3 assassino.
Permitindo até que pessoas lesadas passem o Natal ao sabor da “misericórdia ”...

Sabemos do interesse de outra política em tentar elevar-se nos propósitos, para poder elevar-se nas ambições...

Mas, neste concreto caso, pertinente é perceber-se que os milhões em causa (só €6.000.000,00?) podem sair mesmo muito caros ao povo pagante e seriam mais do que suficientes para que o Hospital – que nos foi roubado, convenhamos – retomasse a sua actividade, ainda que reconvertido, eventualmente, noutra valência das muitas que o dito SNS precisa, tal como ainda há pouco tempo defendemos – Nós Movimento - na Assembleia da República.

As pessoas deviam tentar perceber porque razão é que os ex-libris da Enatur – Empresa Nacional de Turismo, em agonia, ligados à monumentalidade nacional, se encontram em degradação acelerada e porque é que uma entidade privada lhos vai entregando.

As pessoas deviam tentar perceber o que se passa com a experiência privada – de uma Família de bem deste País – que ousou construir/adaptar uma unidade hoteleira no Mosteiro de São Cristóvão, em Santa Cruz da Trapa, na Região de Lafões.

O dito turismo - galinha recente dos ovos de ouro -  é, por definição, muito aleatório!
Qualquer acontecimento negativo, por mais insignificante que seja, provoca a sua deslocalização imediata, como aconteceu no Egipto, na Tunísia, em Barcelona, etc.

Isto não quer dizer, que o dito turismo religioso não esteja a emergir.
Isto não quer dizer, também, que, no âmbito do prometido concurso, não surjam interesses privados, na exacta medida em que conhecemos concretas situações em que os “fundos” são muito cobiçados e apetecíveis...

Só que, obtidos os fundos, tirada a nata, entrega-se ao Estado, que é como quem diz à Enatur, paga por todos nós...ficando abandonadas as regiões e, ainda, aqueles que, interesseiramente, criaram ilusões.

O que nos parece – e não fazemos, por história de vida, parte dos “velhos do Restelo” -  é que, no contexto actual da Saúde em Portugal, desviar uma função social para, com a propriedade pública, promover uma apropriação indevida, seguida de incerteza quanto ao êxito do projecto, para além de querer sacudir a água do capote, constitui uma falha grave para com o nosso Povo e para com o nosso Concelho, que não tem nada suportado pelo Estado.

...E isso eu não tenho capacidade para admitir!

Aliás, hotéis abandonados é o que por aí há já em demasia...


Luís Pais Amante

1 comentário:

  1. Em absoluto acordo!
    Sou mais um dos que não consegue vislumbrar a mais leve nesga de interesse_turístico_mantido_durante_50_anos_50. De modas se vive no turismo.
    Se alguém se candidatar, receio, pois receio, que a factura seja enviada aos mesmos de sempre. Mas não referirá que podia ter sido outra coisa, que houve vozes (todas?) que desacreditavam e que propunham algo melhor.

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