INCÊNDIOS - Humberto Oliveira considera impossível limpar faixas florestais até dia 15
Os incêndios de 2017, que originaram a morte de pelo menos
116 pessoas, três delas em Penacova, “obrigam
a olhar para esta matéria de uma forma que não se olhava antes”, disse à
agência Lusa o presidente da Câmara, Humberto Oliveira.
Humberto Oliveira estima que seriam necessários “entre dois
a três milhões de euros” para a cumprir na totalidade as responsabilidades que
a lei lhe impõe nesta área.
“É uma
impossibilidade”, sublinhou o autarca do PS, retomando algumas
das ideias partilhadas, no dia 23 de fevereiro, com o ministro da Administração
Interna, numa reunião que Eduardo Cabrita teve com autarcas dos 19 municípios
que integram a Comunidade Intermunicipal da Região de Coimbra.
Em 2018, com financiamento europeu, através do Programa
Operacional de Sustentabilidade e Eficiência no Uso de Recursos (POSEUR), a
Câmara optou por limpar sobretudo as faixas de gestão de combustível junto às
vias de comunicação da rede primária.
Com meios exclusivamente da autarquia, este ano concentra
esforços na limpeza das faixas de dez metros das estradas da rede secundária e
em redor dos polígonos industriais.
Para o efeito, o município de Penacova dispõe de uma
unidade de cinco elementos dos Sapadores Florestais, com uma viatura, que fazem
parte da brigada que opera habitualmente na Serra do Buçaco e que serve também
os concelhos vizinhos de Mortágua e Mealhada, nos distritos de Viseu e Aveiro,
respetivamente.
“É impossível
cumprir com todas as limpezas antes de 15 de março, mas vamos continuar”,
dentro do possível, afirmou Humberto Oliveira.
A Câmara “tem outras
intervenções neste âmbito”, que passam pela gestão de combustível em
diferentes espaços do domínio público municipal, como o Parque Verde e a
Livraria do Mondego, nas quais prevê gastar este ano cerca de 50 mil euros, com
recurso a serviços externos.
Ao abrigo dos acordos de execução com as juntas de
freguesia, o município reserva 200 mil euros para trabalhos que incluem a
limpeza de faixas das vias municipais.
Ainda do orçamento de 2019, paga mais 200 mil euros à
Associação de Desenvolvimento Regional Serra do Açor (ADESA), que reúne também
os municípios de Arganil, Góis, Oliveira do Hospital, Pampilhosa da Serra e
Tábua, cujo parque de máquinas, “apesar de envelhecido, assegura a beneficiação
de caminhos florestais, além de estar sempre disponível” para apoiar o
dispositivo de combate a incêndios.
“Até 15 de março,
vamos tentar fazer o máximo. Mas não vai ser possível atingir os objetivos”
previstos na lei, admitiu Humberto Oliveira.
Entretanto, foi encetado o processo de revisão do Plano
Municipal de Defesa da Floresta Contra Incêndios, que deverá estar “concluído
ainda este ano”.
Por outro lado, têm decorrido em diferentes povoações as
ações de sensibilização das populações organizadas pela GNR.
“Existe
sensibilidade dos particulares, mas há ainda muito trabalho para fazer”,
sublinhou o presidente da Câmara, encarando estas intervenções como um “importante contributo” para minimizar a
propagação dos fogos, não para a impedir por completo nos casos em que estes
assumem maior violência.
Na zona de Penacova, exemplificou, a barragem da Aguieira,
no rio Mondego, “é a maior faixa de
gestão de combustível e não segurou o incêndio”, que começou no concelho da
Lousã.
Os incêndios que eclodiram em Pedrógão Grande e na Lousã,
distritos de Leiria e Coimbra, nos dias 17 de junho e 15 de outubro de 2017,
respetivamente, devastaram extensas áreas de floresta.
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