OPINIÃO - Pão e circo
A endogamia que se verifica no Governo
do PS dominou o espaço de opinião pública durante esta semana, como se não
houvesse nada mais que discutir.
Não me interpretem mal, a endogamia é
um problema. Mas não é um problema novo, nem exclusivo da política. Vemo-lo por
todo o lado: nas Universidades, nas empresas e nas associações. Não é sequer um
problema português, como muitos Velhos do Restelo gostam de dizer: repare-se
nos casos americano e francês, com Trump com a mulher, a filha e o genro na Casa
Branca e Hollande e a nomeação da sua ex-mulher em 2014. E não é, certamente,
um problema partidário. O Professor Cavaco Silva disse recentemente que foi
verificar e não detectou qualquer ligação familiar nos governos que liderou.
Pelos vistos, não verificou muito bem.
Todavia, o argumento de que “os outros
também fazem” não é algo que eu queira seguir. Ter um número elevado de
familiares num Governo é essencialmente um problema ético e deve ser evitado.
Denunciar e questionar estas ligações é vital em Democracia. Importa, no
entanto não cair no ridículo. Uma coisa é questionar familiares que se sentam
num Conselho de Ministros, outra muito diferente é identificar todas as pessoas
em cargos públicos ou até a trabalhar para empresas públicas com ligações
familiares a membros do Governo ou da Assembleia da República como tem feito o
Observador, que encontrou aqui mais uma trica politiqueira bem ao seu estilo
para explorar.
O objectivo é criar uma ilusão acerca
do verdadeiro tamanho do problema, magnetizando-o a uma escala tão grande que
fabrica a ideia de que este Governo e o PS controlam tudo.
Enquanto isso, o caso de amnésia
selectiva de Carlos Costa relativamente aos grandes devedores da CGD passou
quase despercebido e também a situação do Novo Banco se desvaneceu dos
noticiários.
Não digo que a endogamia seja um
não-assunto. Mas será uma prioridade?
Pão e circo, amigos. Pão
e circo.
Rui Sancho
"Não digo que a endogamia seja um não-assunto. Mas será uma prioridade?"
ResponderEliminarÉ uma prioridade como multar as beatas de cigarro deitadas no chão, proibir animais no circo e liberalizar as drogas!