RECUPERAÇÃO - Deputados do PS inteiraram-se da aplicação dos incentivos aos agricultores afetados pela Tempestade Leslie
Os Deputados da Assembleia da República eleitos pelo
Partido Socialista do círculo eleitoral de Coimbra, Pedro Coimbra, João
Gouveia e Cristina Jesus, visitaram esta segunda feira o Baixo Mondego para se
inteirarem do ponto de situação da aplicação dos incentivos disponibilizadas
pelo Governo destinados aos agricultores afectados pela tempestade Leslie.
Uma empresa que produzia framboesas em Santo Varão, no
concelho de Montemor-o-Velho – cujas estufas foram destruídas pela tempestade
Leslie – está em risco de fechar portas, sem capacidade financeira para
recuperar.
Mesmo com a aprovação de 74 mil euros de subsídio a fundo
perdido – através da linha de “restabelecimento
do potencial produtivo”, que o Governo abriu excecionalmente no âmbito do
Plano de Desenvolvimento Rural (PDR) – o jovem agricultor Tiago André afirma
não conseguir suportar o encargo de recuperar a sua produção de 1,2 hectares de
framboesas.
São necessários, no total, 135 mil euros (111 mil euros
elegíveis para receber 77% de apoio da Europa), para voltar a laborar em pleno,
mas os encargos de cerca de 2.500 euros mensais que suporta desde há dois anos
(quando arrancou com a empresa com crédito bancário) não lhe dão folga
financeira para avançar com a quota parte necessária de capital próprio.
Obrigado
a emigrar
A situação angustiante levou Tiago André a emigrar para o
Luxemburgo logo a seguir à tempestade, assim que constatou a total destruição
das infraestruturas. O dinheiro que ganha a trabalhar no setor da construção
civil naquele país é só para suportar os encargos com a exploração parada, mas
nem assim chega, desabafou ontem de manhã o jovem empresário, perante três
deputados do PS na Assembleia da República, eleitos pelo círculo de Coimbra,
que se deslocaram a Santo Varão para observarem a situação.
Apoios
a fundo perdido impedem entrada de sócio
A entrada de um sócio investidor na empresa, é vedado pelas
normas europeias porque o empresário também recebeu 130 mil euros a fundo
perdido do PDR, quando arrancou com o projeto, num total de 230 mil euros.
Perante o impasse, o deputado Pedro Coimbra – que chefiou a delegação parlamentar de
ontem, – admite duas possibilidades que, conjugadas ou não, podem ajudar na
solução: fazer uma reestruturação da dívida junto da banca e uma candidatura
adicional ao subsídio de perda de produção que, todavia, não está, atualmente,
definido no lote de apoios excecionais.
O líder socialista do Distrito de Coimbra referiu que,
atendendo à violência da tempestade Leslie, poderá existir “uma solução excecional para uma situação
que foi excecional”, alertando que teria sido ser aconselhável um seguro
apropriado.
De acordo com João Gouveia, membro da Comissão Parlamentar
de Agricultura e Pescas, “importaria
avaliar se o subsídio de perda de colheitas tem, nestes casos, enquadramento e
cobertura legal e, se não o tiver, se é possível encontrar uma solução que
permita apoiar este tipo de perdas”. Direção regional avaliou mais de 500
processos Num âmbito mais alargado, Pedro Coimbra afirma que “há que reconhecer o esforço e o mérito da
Administração Central, no caso a DRAPC, que avaliou os pedidos de apoio no terreno, num total de 509, com 75%
delas já aprovadas e em condições de serem contratualizadas”.
A concluir quis deixar “uma palavra de ânimo e incentivo ao Tiago, de forma a que consiga
recuperar a produção, com esforço físico, mental e financeiro”.
António
Rosado – Diário As Beiras
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