ECONOMIA - Equilíbrio dos preços do azeite deve fazer-se através do consumo - associação
"A fim de equilibrar o mercado e estabilizar
os preços, a Comissão Europeia aprovou o armazenamento privado de azeite. No
fundo, trata-se de retirar uma certa quantidade de azeite do mercado,
temporariamente, e esperar que dessa forma o preço na origem se eleve, o que
não deixa de ser uma medida artificial, porque esse azeite voltará ao mercado
ao fim de seis meses", indicou, em resposta à Lusa, a direção da Casa
do Azeite.
Esta
associação patronal espera assim que a medida em causa possa contribuir para
"estabilizar os preços do azeite e
para o normal funcionamento do mercado", embora defenda que esse
equilíbrio "se deve fazer
essencialmente e através do aumento do consumo mundial".
Segundo a
Casa do Azeite, as grandes oscilações de preço neste produto "são bastante nefastas" para o
funcionamento do mercado, tendo em conta que se torna "muito difícil remunerar corretamente os
produtores, quando os preços são muito baixos".
Por outro
lado, quando os preços estão muito elevados, "é difícil garantir um abastecimento normal do mercado, sobretudo ao
nível das exportações, originando quebras de consumo", defendeu.
Conforme
referiu a associação, a produção de azeite costuma sofrer oscilações decorrentes
de fatores como a chuva ou as temperaturas, sendo que, em circunstâncias
normais, verifica-se uma certa alternância de produção entre dois ciclos
produtivos e a formação dos preços do azeite segue a lei da oferta e da
procura.
Porém, a
produção recorde de Espanha em 2018/2019 e a perspetiva de uma próxima campanha
"média em Espanha e muito boa nos
outros países da bacia mediterrânea", a que se junta uma diminuição do
consumo devido aos preços elevados das campanhas anteriores "provocaram um desequilíbrio no mercado",
que se traduz em 'stocks' altos.
"Assim, e apesar de as projeções de produção
na presente campanha em Espanha (maior produtor mundial) serem relativamente
baixas, as disponibilidades mundiais são elevadas. Esse facto tem pressionado
os preços do azeite, o que se tem vindo a verificar nos últimos meses. Sendo
que a situação está relativamente estável agora", concluiu.
Com
atividade desde 1976, a Casa do Azeite é uma associação patronal de direito
privado, que representa a quase totalidade das associações de azeite de marca
embalado em Portugal.
Na
segunda-feira, a Comissão Europeia adotou uma ajuda excecional para o
armazenamento privado de azeite virgem, para equilibrar os mercados devido à
quebra dos preços deste produto, nomeadamente, em Portugal e Espanha.
Em abril,
o preço médio do azeite virgem na União
Europeia (UE) era o mais baixo desde outubro de 2014, fixando-se nos 265 euros
por 100 quilos, menos 14% do que no mês homólogo.
Os
contratos para auxílio ao armazenamento privado cobrem um período de 180 dias e
as candidaturas podem começar a ser apresentadas no próximo dia 21.
Portugal,
Espanha, França, Grécia, Itália, Croácia, Chipre, Malta e Eslovénia são os
países cujos produtores de azeite virgem podem candidatar-se.
Também a
Confederação dos Agricultores de Portugal (CAP) defendeu que a ajuda excecional
para o armazenamento privado de azeite, adotada por Bruxelas, para equilibrar
os preços, é uma medida "positiva" e necessária.
"Esta medida, embora temporária, poderá aliviar
a pressão sobre a os preços, ainda que, dado que se trata de uma intervenção
temporária, o seu efeito esteja dependente do comportamento que os mercados
irão ter, nomeadamente ao nível da exportação", defendeu, em resposta
à Lusa, o secretário-geral da CAP, Luís Mira.
Para a
CAP, esta é "uma medida positiva,
que se impunha pôr em execução", tendo em conta a conjuntura europeia.
A Lusa
tentou contactar o Ministério da Agricultura, mas, até ao momento, não obteve
resposta.
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