SOCIEDADE - Presidente da República espera medidas de apoio à comunicação social
Marcelo Rebelo de Sousa falava ontem
no Pavilhão do Conhecimento, em Lisboa, depois de assistir à apresentação do
“PSuperior”, um programa para dar acesso gratuito a assinaturas do jornal
Público a estudantes universitários, com o apoio de entidades privadas que
pagam metade desses custos.
Durante a cerimónia, o chefe de
Estado elogiou este projeto, apontando-o como “uma aposta na democracia” que se deve multiplicar tornando-se “uma bola de neve”, e a seguir, em
declarações aos jornalistas, insistiu que “é
preciso haver um conjunto de iniciativas”.
“Há outras ideias possíveis também, e há uma parte de responsabilidade
dos poderes públicos. Os poderes públicos têm de criar condições, por exemplo,
de isto que é feito por privados poder ser feito por públicos. Noutros países é
por públicos, é o próprio Estado que facilita o acesso a assinaturas, para que
haja mais leitura de imprensa”, afirmou.
Questionado se está dececionado
com a atuação dos poderes públicos nesta matéria, Marcelo Rebelo de Sousa
admitiu que “medidas que podiam ser
ponderadas” tenham sido adiadas devido à proximidade de eleições, porque “podia haver a acusação de eleitoralismo”,
e realçou que agora começa uma nova legislatura.
“E eu espero, por exemplo, no Orçamento para o ano que vem, em que o
parlamento pode ponderar propostas que já chegaram das associações de imprensa,
de duas – já aprovou uma ou outra vez medidas – que possa ponderar a aprovação
de medidas”, acrescentou.
Sem querer “entrar em pormenores”, o Presidente da
República considerou que “há pequenas
medidas, até para a imprensa local e regional, como por exemplo o porte pago ou
uma realidade parecida com essa, que já houve e que desapareceu, que podem ser
uma ajuda, ainda que parcial”.
Interrogado se as autarquias
podem ter um papel neste processo, respondeu que essa “é uma questão a ponderar em termos de poderes públicos gerais”.
“O que é preciso é garantir que é de uma forma geral e abstrata, que não
há favores, que não há privilégios, que não é financiar o grupo A, B ou C, que
não é comprar a fidelidade política, que não é uma forma de limitar de
imprensa. Pelo contrário, é de promover a liberdade de imprensa”, defendeu.
Na sua intervenção sobre este
projeto do jornal Público, Marcelo Rebelo de Sousa enalteceu a importância de
estimular a leitura de imprensa por parte dos jovens, que estão “para durar longuíssimas décadas”, e a
este propósito revelou que lhe foram colocadas duas opções quando fez um
cateterismo cardíaco, no mês passado.
“Os médicos apareceram e deram-me duas escolhas. E uma escolha tinha a
grande vantagem de durar para 30, 40 anos, e outra 15, 20 anos. E eu escolhi a
de 15, 20 anos, porque ainda por cima ainda podia ser recauchutada e prolongada
para mais. Porque eu disse: eu sou muito modesto e humilde, não me estou a ver
com 105 anos, mas estou a ver-me com 80 e tal, 90 anos”, relatou.
À saída, os jornalistas
questionaram o Presidente da República, entre outros assuntos, também sobre a
notícia da construção de um muro junto a um bairro social, em Leiria, mas
Marcelo Rebelo de Sousa disse não dispor ainda de informações para comentar
esse caso.
“Tentei informar-me junto da autarquia, não consegui. Portanto, não
tenho os dados todos para me poder pronunciar. Mas logo que tenha os dados
todos para me poder pronunciar, pronunciar-me-ei”, prometeu.
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