COVID 19 - Centro de Portugal com maior proporção de idosos infetados
Taxa de letalidade na região centro é quase o dobro da média nacional. Mortes em Ovar e em lar de Aveiro estão incluídas
TEXTO RAQUEL ALBUQUERQUE - Jornal expresso
É no Norte do país que está o maior número de infetados e de mortes por covid, mas é na região centro que a taxa de letalidade é maior. Ou seja, é a zona do país com mais óbitos no total de casos positivos. Segundo a Direção-Geral da Saúde, até quarta-feira, tinham morrido 96 pessoas de um total de 1865 infetados nesta região, o que se traduz numa taxa de letalidade de 5%, praticamente o dobro da média nacional. E é ao envelhecimento demográfico acentuado desta região, com um quarto dos utentes acima dos 65 anos de idade e alguns dos concelhos mais envelhecidos do país, que é atribuída parte da explicação, uma vez que a população mais idosa constitui um grupo de maior risco nesta epidemia.
“A proporção de doentes covid-19 com mais de 70 anos e, em especial, com 80 ou mais anos, é superior na região centro, quando comparada com as restantes regiões de saúde, o que pode explicar parte da diferença”, avança Ana Paula Rodrigues, médica de Saúde Pública no Departamento de Epidemiologia do Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge (INSA).
Nos números desta região incluem-se, por exemplo, as 15 mortes num lar em Aveiro e outros dez óbitos em instituições de Ílhavo, Albergaria-a-Velha e Estarreja. À região pertence também o concelho de Ovar, em estado de calamidade pública, com uma cerca sanitária prolongada por mais uma semana e 14 mortes confirmadas.
COMPARAR REGIÕES
“A região centro tem uma área rural muito extensa que vai até à fronteira, com uma população muito envelhecida e vários focos de infeção em lares”, aponta Carlos Robalo Ribeiro, pneumologista e coordenador do grupo de acompanhamento da covid-19 da Secção Regional do Centro da Ordem dos Médicos. “Diria que essa será a principal justificação, mas lamento não ter acesso aos dados que me permitissem conhecer a situação real desta região, até porque o hospital neste momento não espelha essa pressão. Há cerca de 200 doentes internados, mas apenas sete em cuidados intensivos”, acrescenta o também diretor da Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra.
Comparar a letalidade entre regiões do país tem alguns problemas, alerta Ana Paula Rodrigues, especialista do INSA. “Sem ter acesso a outros dados mais finos ou o uso de métodos adicionais, é difícil comparar a letalidade entre países ou regiões, pois este parâmetro depende também da capacidade de deteção de casos ligeiros ou de casos graves e do modo como as mortes por covid-19 são diagnosticadas e classificadas a nível central.”
Originalmente publicado na edição impressa do Expresso 2476 (conteúdo exclusivo para assinantes)
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