CULTURA - Fotógrafo documental José Sarmento Matos vence prémio Estação Imagem 2020 Coimbra
O fotógrafo documental José Sarmento Matos venceu o prémio Estação Imagem 2020 Coimbra, com um trabalho sobre o regresso a Portugal de uma família luso-venezuelana, anunciou hoje a organização.
A reportagem vencedora, intitulada “Abandonando o Sonho
Venezuelano”, foi feita na Venezuela e em Portugal, “documentando os
dois lados da vida da mesma família”, assinala a organização do prémio de
fotografia.
“Fugiram de uma Venezuela em profunda crise humanitária,
largando entes queridos, vidas inteiras, o sentimento de pertença e a
identidade no recomeço de uma nova vida”, acrescenta.
O vencedor do prémio Estação Imagem 2020 Coimbra tem 31
anos, reside entre Londres e Lisboa e é fotógrafo ‘freelancer’ sem carteira
profissional. Em 2015, José Sarmento Matos foi considerado pela agência Magnum
Photos como um dos melhores 30 fotógrafos mundiais com menos de 30 anos.
Leonel de Castro, fotojornalista do Jornal de Notícias (JN)
e vencedor do prémio Estação Imagem Coimbra 2019, arrebatou, pelo segundo ano
consecutivo, o galardão Fotografia do Ano, com uma imagem intitulada “Voo de
Esperança”, que retrata uma rapariga moçambicana, em pé, num baloiço, na cidade
da Beira, atingida pelo ciclone Idai.
“Uma menina adolescente voa em direção aos céus por entre
as árvores destruídas. Numa das principais artérias da cidade da Beira,
Moçambique, depois de a província de Sofala ter sido dizimada com a passagem do
ciclone Idai”, refere a organização.
Uma menção honrosa na mesma categoria foi atribuída a Ana
Brígida por “Sem Luz”, um retrato do bairro da Torre, em Camarate, Lisboa,
junto ao aeroporto Humberto Delgado, onde Flávia reside e acende velas dentro
de casa, devido à falta de fornecimento de eletricidade.
Ana Brígida venceu também o prémio Arte e Espetáculos, com
“Bulls”, um trabalho sobre a aprendizagem da arte de tourear entre os mais
novos.
Na atual edição dos prémios Estação Imagem, a 11ª e a
terceira realizada em Coimbra, Leonel de Castro venceu igualmente o galardão da
categoria Assuntos Contemporâneos, com a reportagem “Os Continuadores”, feita
no orfanato municipal com o mesmo nome na cidade da Beira, também afetado pelo
ciclone Idai e “ainda mais desvalido, a precisar de obras, equipamentos e
alimentos”.
O fotojornalista do JN foi ainda agraciado com uma menção
honrosa na categoria Vida Quotidiana, com um trabalho sobre o Grande Hotel
Beira, que chegou a ser o maior hotel de luxo do continente africano e “agora
está em avançado estado de degradação e dá abrigo a 4.000 pessoas”, lê-se
na sinopse da reportagem.
Na categoria Vida Quotidiana o prémio foi para Gonçalo
Fonseca, autor de um trabalho sobre a ocupação ilegal de casas municipais em
Lisboa por várias centenas de pessoas, que o fazem “para poder dar aos seus
filhos um lugar para dormir”.
Por seu turno, Sebastião Almeida venceu uma menção honrosa
na categoria Assuntos Contemporâneos com o trabalho “Nacionalidade N/A”, que
olha para a situação dos cabo-verdianos nascidos em Portugal, mas que não são
portugueses.
Esta situação afeta milhares de afrodescendentes, que
possuem Cabo Verde como país de origem no passaporte, sem nunca terem visitado
aquele país africano.
O prémio Notícias foi atribuído a Rui Duarte Silva,
fotojornalista do Expresso, com o trabalho “Derrotado”, dez fotografias a preto
e branco sobre a derrota do líder do PSD, Rui Rio, nas eleições legislativas de
2019.
Na mesma categoria Notícias, João Porfírio, fotojornalista
do Observador, venceu uma menção honrosa com a reportagem “O Fogo Voltou a
Incendiar a Angústia no Centro de Portugal”, captada na aldeia de Roda, em
Mação, Santarém, cercada pelas chamas em julho do ano passado.
O galego Carlos Folgoso Sueiro foi distinguido com o prémio
Ambiente pela reportagem “Terra Brilhante”, realizada na região russa de
Yakutia, um território cinco vezes maior do que França, que ocupa três fusos
horários e onde reside apenas um milhão de pessoas e produz “cerca de 28% dos
diamantes do mundo”.
O prémio Série de Retratos contemplou o fotojornalista
freelancer António Pedro Santos, colaborador da agência Lusa e autor da
reportagem “O Amor de Mão Não É Cego”, que conta a história de Andreia Varela,
27 anos, nascida com maculopatia e que tem apenas 5% de visão, “mas não para
por causa do filho de três anos”.
“Na rua, as pessoas estacam, perplexas, ao ver esta
mulher, com ar de menina, a abrir caminho com a bengala e o filho ao colo”,
lê-se na documentação que acompanha o trabalho premiado.
O prémio Desporto, atribuído ao ‘freelancer’ Rodrigo
Antunes, também colaborador da Lusa, versa igualmente sobre a cegueira, neste
caso contando a história de Miguel Vieira, o primeiro judoca paralímpico
português em prova, nos jogos Paralímpicos de 2016, no Rio de Janeiro.
Por fim, a bolsa Estação Imagem Coimbra 2020 foi atribuída a
Ricardo Lopes, colaborador do jornal Público, que apresentou uma proposta de
reportagem denominada “Interior”, sobre o fenómeno do despovoamento na região
Centro de Portugal.
Os prémios Estação Imagem 2020 Coimbra – hoje entregues numa
cerimónia realizada no Convento de São Francisco – foram selecionados por um
júri composto por Patrick Chauvel, fotógrafo de guerra independente e o mais
antigo repórter de guerra em exercício, que presidiu, Brent Stirton,
correspondente sénior da Getty Images, vencedor de 12 prémios World Press Photo
e Fotógrafo do Ano de Vida Selvagem da National Geographic em 2017, Felipe
Dana, fotojornalista brasileiro da Associated Press, e João Silva, fotógrafo do
The New York Times desde 2000.
O festival de fotojornalismo começou no dia 5 com a
inauguração de oito exposições, em diversos pontos de Coimbra, ficando a
maioria patentes até 26 de setembro.
As alterações climáticas, migrações, o fim do Estado
Islâmico ou os protestos em Hong Kong são alguns dos temas retratados nas
exposições.
Sem comentários
Leia as regras:
1 - Os comentários ofensivos não serão publicados.
2 - Os comentários apenas refletem a opinião dos seus autores.