CURIOSIDADE - Os palitos chineses de Lorvão *
Na capital nacional do esgaravatador já não há fábricas que o produzam. A globalização ditou que a especialidade é o embalamento. Por enquanto...
Agora chegam caixas de Espanha ou da China com os palitos já prontos. São analisados e, se estiverem em conformidade, passarão pelas mãos de uma das sete funcionárias da Palitos Campeões para serem revestidos a papel e colocados em caixas e paliteiros.
Já lá vai o tempo em que os choupos e os salgueiros das margens do Mondego alimentavam a produção industrial na freguesia. A madeira clara e sem sabor destas árvores começou por ser usada pelas freiras do mosteiro de Lorvão, para esculpir pequenas hastes e decorar doçaria conventual. Rapidamente a arte contagiou toda a região.
Velhos e novos dependiam desta atividade económica, que envolvia famílias inteiras, como profissão a tempo inteiro ou complemento, de tal forma que muita gente vivia da troca direta. Hoje, fazer palitos é apenas artesanato e, nas três empresas do ramo que ainda estão sediadas na povoação, a globalização ditou o abandono da produção.
Já lá vai o tempo em que os choupos e os salgueiros das margens do Mondego alimentavam a produção industrial na freguesia. A madeira clara e sem sabor destas árvores começou por ser usada pelas freiras do mosteiro de Lorvão, para esculpir pequenas hastes e decorar doçaria conventual. Rapidamente a arte contagiou toda a região.
Velhos e novos dependiam desta atividade económica, que envolvia famílias inteiras, como profissão a tempo inteiro ou complemento, de tal forma que muita gente vivia da troca direta. Hoje, fazer palitos é apenas artesanato e, nas três empresas do ramo que ainda estão sediadas na povoação, a globalização ditou o abandono da produção.
É o caso da Palitos Campeões, uma empresa familiar, fundada em 1969. Foi o pai de Óscar Simões, 48 anos, atual gerente, que começou o negócio: "Tínhamos uma fábrica onde trabalhavam mais de 20 funcionários e abastecíamos todo o país", recorda. Essa unidade fechou há cinco anos, porque ficava mais barato importar a matéria-prima já pronta e o empresário decidiu construir um novo armazém para se dedicar apenas ao embalamento.
Por ano, saem desta casa mais de 100 mil milhões de unidades, sobretudo destinadas ao mercado nacional. São os grandes grossistas e centrais de compras os clientes. Depois, as cadeias de distribuição, como a Sonae ou a Jerónimo Martins, colocam-nos nas prateleiras dos supermercados. Apenas 20% das vendas se destinam ao exterior, seguindo para Espanha, Angola, Moçambique e Cabo Verde.
Mas há um prenúncio de morte ao monopólio do empacotamento. Os custos de importação estão cada vez mais altos e, com a crise, Óscar Simões já antecipa o regresso à laboração: "Guardei as máquinas da fábrica antiga, só preciso de as ligar".
Pode ser que os palitos de Lorvão passem a ostentar o selo "made in Portugal".