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DESPORTO - António Marques sonha com 7.ª participação paralímpica no Mundial de Boccia



António Marques tem 47 anos. Aos 18 foi dos primeiros deficientes com paralisia cerebral a praticar boccia. Quase três décadas depois, continua na alta competição, já participou em seis Jogos Paralímpicos e tem Londres-2012 “na mira”.

«Sou dos primeiros que começaram a jogar boccia, cheguei a jogar em pistas de tartan», lembra António Marques, para logo acrescentar: «Medalhas são mais que muitas. Tenho lá uma vitrina cheia».

António Marques está esta semana em Belfast, onde a selecção portuguesa de boccia procura revalidar o título na Taça do Mundo. Não promete resultados, mas garante que se não aparecerem não será por falta de trabalho.

«Só me falta dormir com as bolas. Treino normalmente três vezes por semana», conta, explicando depois que antes das grandes competições os treinos são diários.

António Marques vive com a mãe, em Aveleira (Penacova), e frequenta diariamente a Associação de Paralisia Cerebral de Coimbra.

Admite que a modalidade, que lhe tem dado tantos títulos e para a qual treina «sem parar», já lhe proporcionou grandes momentos desportivos e de lazer. «Se não fosse o boccia, eu não saia da parvónia».

Ao longo da carreira desportiva, António Marques já teve «quatro ou cinco treinadores». Confessa que, por vezes, está «farto deles», sobretudo quando são muito exigentes. Mas logo a seguir “emenda” o discurso: «Sei que eles só querem o meu melhor».
No boccia, António Marques compete na classe BC1, destinada a tetraplégicos com pouca amplitude de movimento funcional e pouca força funcional em todas as extremidades e tronco, que dependem de um acompanhante para ajustar ou estabilizar a cadeira ou para lhe dar a bola.

Com a 4.ª classe concluída, António Marques gosta de escrever «sempre à mão», porque ainda não tem computador e é um amante da rádio, revelando-se um ouvinte assíduo dos programas de discos pedidos.

Em Seul (1998) estreou-se nos Jogos Paralímpicos e desde então não falhou nenhuma edição. Por isso, gostava muito de estar em Londres no próximo ano e promete «trabalhar para isso».