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OPINIÃO - Quase...sem interesse!


Estou a ficar saturado de tanta notícia especulativa, de tanta demagogia barata, de tanto quererem vender jornais. Estou saturado e cansado, de acabar por contribuir para este estado de coisas. Num país onde a serenidade mesmo que a doer, devia ser elemento preponderante para tentarmos sair desta crise que nada nos trouxe de bom, a não ser testar as nossas forças para futuras batalhas ainda mais duras que se adivinham; o trabalho e a produção, deviam ser factor muito mais prioritário do que discutir todos os dias, “o sexo dos anjos”.

Que nos interessa andarmos sempre a falar de Maçons, de quem pertence, ou de quem não pertence à “Maçonaria”, se todos sabemos que ela existe há muitos anos em Portugal. Que nos interessa quem são esses elementos se no fundo todos sabemos que eles existem em todos os partidos. Porque se há-de agora falar de novo na Maçonaria, por causa do líder parlamentar ou do vice serem do PSD, quando todos sabemos que António José de Almeida, Mário Soares, António Arnault e tantos outros ligados ao PS e ao CDS, também são Maçons?

Todos sabemos que na primeira República, os homens que tudo fizeram para a acabar com a Monarquia, quase todos eram Maçons e foram eles até, que se movimentaram numa luta sem tréguas contra a “Carbonária”, outra organização de vias mais sangrentas. Todos sabemos que a “grande Loja Oriente Lusitano” tem nas suas fileiras a maior parte dos homens ilustres do PS. Até porque bastava praticamente ser Republicano, laico e socialista…para se poder ser Maçon.

A Maçonaria hoje tem mais lojas e serão pelo menos três vias e isso fez, com que praticamente hoje quase toda a gente seja Maçon, mas se calhar, com esse alastrar de convites para irmãos banalizou-se o essencial do que a Maçonaria representava, que era o crescimento espiritual do homem e o aperfeiçoar da sociedade. Os rituais e os baptismos só fazem com que tudo pareça mais informal e discreto. Em parte, quase que se pode comparar com as Confrarias, só que, enquanto umas defendem o grelo, o bacalhau, o nabo, a lampreia, o vinho, a broa, o pão…

A Maçonaria não aceita dogmas, combate todas as formas de opressão, luta contra o terror, a miséria, o sectarismo e a ignorância, combate a corrupção, enaltece o mérito, procura a união de todos os homens pela prática de uma Moral Universal e pelo respeito da personalidade de cada um e considera o trabalho como um direito e um dever, valorizando igualmente o trabalho intelectual e o trabalho manual.

A Maçonaria é uma Ordem de duplo sentido: de instituição perpétua e de associação de pessoas ligadas por determinados valores, que perseguem determinados fins e que estão vinculadas a certas regras. 

Citei António Arnault no texto “Introdução à Maçonaria”.

Qualquer dia, estão aí também a falar da “Opus Dei”, dos cursos de Cristandade, e dos vários grupos quase que secretos, de pessoas que se juntam por causas e valores e tentam percorrer um outro caminho em sociedade. A mim, nada disto me repugna e que façam o que bem entenderem. Quando o próprio Vasco Lourenço militar de Abril, Rosa Egipto Presidente da mesa da Assembleia da ANAFRE, Fausto cantor, José Fanha escritor, Palma Inácio resistente antifascista, são Maçons, acho que qualquer um pode ser.

Só não poderiam existir Maçónicos e Maçonaria, se por acaso interviessem na nossa vida, na nossa liberdade, no nosso direito de sermos nós próprios, se exercessem tráfico de influências… apesar de isso se poder fazer a tantos níveis. Se isso acontecesse, então aí outro galo cantaria. Até lá, deixemo-nos de demagogia barata, de pensamentos obscuros e enfrentemos a vida com as nossas melhores armas, que são uns braços para trabalhar, uma cabeça para pensar e verão que em breve o mundo será diferente. Assim, todos juntos, façamos por isso.

Se Fernando Pessoa escreveu: “a Nação é a escola presente para a Super-Nação futura”. Amar a Pátria e a Humanidade é outro dos deveres dos Maçons.

Se António Arnault Disse: A Maçonaria é uma Ordem iniciática e ritualista, universal e fraterna, filosófica e progressista, baseada no livre-pensamento e na tolerância, que tem por objectivo o desenvolvimento espiritual do homem com vista à edificação de uma sociedade mais livre, justa e igualitária.

Então, de que vale tanta tinta derramada e tanta conversa sobre quem é ou não é? Uma coisa garanto, eu não sou e não me parece que me aceitassem por lá, digo eu claro!

António Catela