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A completar os 82 anos, Bombeiros recebem nova viatura de desencarceramento e socorro

Aos 36 anos Maria Alice Pimentel é a primeira mulher a integrar a estrutura de comando de um corpo de bombeiros do distrito de Coimbra.

Os Bombeiros voluntários de Penacova encerram amanhã, domingo, as comemorações do 82º aniversário, com a cerimónia de promoções e condecorações. Em destaque a passagem ao Quadro de Honra do 2º comandante Luís Amaral, por limite de idade, e a tomada de posse dos novos elementos de comando.
Pela primeira vez, uma mulher vai integrar a estrutura de comando de um corpo de bombeiros do distrito de Coimbra. Trata-se de Maria Alice Pimentel, de 36 anos e bombeira desde os 18 anos, funcionária do registo civil e notariado de Penacova, que assumirá as funções de adjunto de comando, dois anos depois do falecimento do anterior adjunto. Já Luís Amaral será substituído por Vasco Viseu, 45 anos, bancário em Penacova e também com larga experiência nos Voluntários de Penacova, explica o comandante António Simões.
Amanhã será também dia para benzer o novo veículo de socorro e assistência especial, uma «velha aspiração» que vem «satisfazer as necessidades» de um corpo de bombeiros, que tem de fazer face à elevada sinistralidade do IP3. «O nosso carro de desencarceramento tem 13 anos», continua o comandante, explicando que a aquisição do novo veículo, com um custo de 400 mil euros, resulta de uma candidatura ao Quadro Estratégico Nacional (QREN), do apoio da Câmara Municipal, da população e ainda de verbas da própria associação.
Quando são vários os corpos de bombeiros que vão dando conta de dificuldades financeiras, em Penacova ainda se respira com alguma tranquilidade, muito graças à «gestão criteriosa e muito racional» da Associação Humanitária, adianta António Simões. Ainda assim, as alterações nas regras do transporte de doentes, impostas pelo Ministério da Saúde, «pesou» e está a «causar algumas dificuldades acrescidas» em associações de todo o país, que se vêem confrontadas com a diminuição de receitas, numa altura de «tempos difíceis».
António Simões considera que os bombeiros terão de «arranjar um novo paradigma de financiamento», porque os soldados da paz não podem desaparecer. «os bombeiros têm um sentido inverso da crise quando há mais dificuldades, mais trabalho têm. São uma mão amiga para as mais diversas causas. Nunca são capazes de dizer que não e acabam por sentir mais dificuldades», frisa.

Voluntariado em risco
Um dos «segredos» da sustentabilidade do corpo de bombeiros de Penacova passa também pela importância que o voluntariado representa naquela estrutura. De acordo com António Simões, há 120 elementos em regime de voluntariado, mantendo-se um número reduzido de profissionais, «só para o essencial». Todos os bombeiros vão dormir três, quatro noites ao quartel, de manhã levantam-se e vão para os seus trabalhos», exemplifica.
No entanto, a conjuntura actual pode colocar em causa este tipo de gestão à base do voluntariado, que faz parte da história dos bombeiros de todo o país. Como a «vida exige mais «e as dificuldades de cada um aumentam devido à crise, muitos vêem-se obrigados a «arranjar um part-time», ficando sem disponibilidade para dar de si aos bombeiros. E convém não esquecer, realça António Simões, que «mais de 90% do socorro é feito pelos bombeiros e muito por gestos solidários».

Trabalhar em conjunto pela sobrevivência
António Simões, há cerca de sete meses à frente da Federação Distrital dos Bombeiros de Coimbra, depois da saída de Jaime Soares para a presidência da Federação Nacional. O corpo de bombeiros de Penacova continua a ser a sua «menina dos olhos», mas uma das principais preocupações actuais nas novas funções, é trabalhar para que todos consigam «arranjar forma de sobrevivência».
«Há coisas que em conjunto têm mais resultado. O que fazemos é salvaguardar os corpos de bombeiros», salienta.

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