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Turismo de trazer por casa*

Não há mal que não venha por bem. Este velho ditado aplica-se perfeitamente aos acontecimentos que se verificam por este Portugal fora nesta altura do ano. Até parece que é bom o país estar em crise.
Explicando. Uma vez que o país está em crise e os portugueses não têm dinheiro para grandes aventuras eis que se vira as férias para destinos mais económicos. Uns ficam em casa e simplesmente não vão de férias, outros tem de ficar onde há familiares ou os hotéis são mais baratos. Nunca foram tão badaladas as praias fluviais do interior como estão a ser agora, graças precisamente à subida da procura destes locais. Basta visitar algumas dessas praias ou até pesquisar notícias sobre as mesmas e vimos que os índices de procura ou de ocupação, este ano dispararam quase vertiginosamente.
Penso que esta oferta há muito existente mas recentemente descoberta soube dar a resposta. Ávido de clientes e com as melhores condições para prestar uma boa receção ao visitante, este turismo estava sedento de vender o seu produto e agora que tem os clientes à porta está a ”dar cartas” como nunca foi visto.
Por outro lado, é estranho que, nomeadamente os “média”, só agora se estão a preocupar com estes “novos” locais de turismo. Antes, e sem qualquer ressentimento ou levantamento anti, parecia que só o Algarve existia. Certo que dificilmente qualquer outra zona deste país consegue competir com o clima que sempre nos agrada. Nunca me senti “traído” nesse aspeto quando visitei o Algarve.
No entanto, a mim como a tantos portugueses, parece que o Algarve não foi feito para nós. Quantas vezes não sentimos na pele a má disposição do mal criado do empregado de mesa porque não somos “camones”? Eu senti pelo menos duas vezes e duas vezes falei em inglês para armar um “banzé” à boa maneira portuguesa. No entanto, como até os outrora ricos visitantes escasseiam por essas paragens, eis que se viram para os “tugas” com lápis e papelzinho munidos da maior simpatia do mundo, ou os nossos cêntimos não fossem igualmente importantes.
Certo é que os portugueses armaram a maior crise que alguma vez, pelo menos eu, se viram metidos, mas à boa maneira portuguesa haveremos de dar a volta. Para já fazemos férias cá dentro.
Um bem-haja e até ao próximo número.

*Francisco Seco da Costa é diretor da revista "O Mundo da Padaria"

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